Prestes a renunciar, Berlusconi diz se sentir como Mussolini
9 nov2011 - 11h44
(atualizado às 11h51)
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O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, afirmou nesta quarta-feira que se sente como o ditador fascista Benito Mussolini, que em uma carta confessou à amante que só servia para dar sugestões e não para aprovar leis.
"Tenho mais poder como cidadão livre do que como chefe de governo. Estava lendo um livro sobre as cartas de Mussolini a Claretta (Clara Petacci). E, em um momento, ele escreveu: 'Você não entende que eu não conto para mais nada? Eu só posso dar sugestões'. Eu me sinto na mesma situação", confessou Berlusconi em uma entrevista ao jornal La Stampa, concedida depois de anunciar na terça-feira que pretende renunciar ao cargo.
Questionado sobre as diferenças com a ditadura fascista, o primeiro-ministro respondeu: "Claro que não sou um ditador, apesar de vocês terem escrito isto por anos. O que percebo é que os pais da Constituição, que temiam a repetição da história, debilitaram excessivamente o Executivo".
"Pergunto-me ainda se é possível que o chefe de Governo não possa exigir ao ministro da Economia que aplique a política econômica na qual acredita", afirmou, ao destacar as fortes divergências internas em seu gabinete.
O premier italiano se rendeu na terça-feira e anunciou que renunciará ao cargo assim que o Parlamento aprovar as medidas econômicas prometidas à União Europeia (UE), com o objetivo de salvar a Itália do contágio da crise.
Sem resposta à crise, Berlusconi anuncia renúncia
Seu terceiro mandato como premiê italiano ficou marcado por escândalos sexuais, mas foi a crise econômica mundial o fator decisivo para o fim do atual governo de Silvio Berlusconi. Olhando para a vizinha Grécia, cujo governo também ruiu à dívida, a Itália é o segundo governo da União Europeia (UE) que passa por reconstrução neste final de 2011.
Berlusconi enfrentou e se saiu vitorioso em diversos votos de confiança no Parlamento, mas a pressão da UE pelo ajuste das contas italianas, aliada a uma crescente oposição descontente, tornaram o reino do Cavaliere insustentável. Ele prometeu renunciar após a aprovação de um pacote de medidas econômicas, o que irá encerrar seu terceiro mandato (1994-95, 2001-06 e 2008 até o momento).
"Eram 11 (mulheres), mas só dormi com oito", disse o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, por telefone ao empresário Gianpaolo Tarantini, falando que as jovens brigavam entre si para passar a noite com ele. A gravação da conversa, ocorrida em janeiro de 2009, foi divulgada em setembro deste ano. Nela, Berlusconi se desculpa a Marysthell Polanco, uma bailarina dominicana, pelo pouco tempo que passa com ela: "Sabe, Marysthell, em minhas horas vagas sou primeiro-ministro"
Foto: AFP
"(Angela Merkel é) gorda com quem ninguém quer ter relações sexuais", afirmou Silvio Berlusconi sobre a chanceler alemã. A declaração foi gravada em 2009, mas divulgada em setembro deste ano. Esta não foi a primeira vez que o premiê insultou a chanceler. Em 2008, quando Merkel chegava para uma reunião em Trieste, na Itália, ele a surpreendeu saltando de trás de uma estátua dizendo "cu-cu"
Foto: AFP
"Vou embora deste país de merda, do qual estou nauseado", afirmou por telefone o premiê italiano a Valter Lavitola, diretor e editor do jornal Avanti!, que é investigado por suposta extorsão a Berlusconi. A gravação, feita em julho deste ano, foi divulgada em setembro. No telefonema, Berlusconi se defendeu das acusações de prostituição de menores: "Eu sou assim, transparente, limpo nas minhas coisas. Não há nada que me possa incomodar, entendeu?"
Foto: AFP
Magistrados são "câncer da democracia", disse Silvio Berlusconi durante um de seus julgamentos, em maio deste ano. Acusado de subornar o advogado britânico David Mills com US$ 600 mil para que ele mentisse em depoimentos, o premiê afirmou que as acusações eram infundadas. "Se isso não for uma câncer da democracia, vocês são de outro planeta", disse Berlusconi
Foto: AFP
"Todos temos um lado gay, mas o meu é lésbico", afirmou o premiê em discurso durante ato de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL). Em resposta a um militante, Berlusconi disse: "Todos nós somos 25% gay, eu também tenho essa parcela, só que após um atento exame descobri que a minha é lésbica". O premiê também brincou sobre sua estatura: "Não é que eu seja baixo, é que sou mais baixo em comparação aos meus seguranças, que medem 1,95 m, assim é compreensível que eu apareça maisbaixo nas fotos"
Foto: AFP
Sou velho demais para tantas mulheres, disse Silvio Berlusconi sobre as acusações de prostituição de menores ao jornal La Repubblica. "Ainda que eu seja um pouco travesso, 33 garotas em dois meses parece demais até para alguém de 30 anos. São muitas para qualquer um", afirmou o premiê. A promotoria de Milão o acusava de manter relações com 33 garotas de programa em dois meses. Uma delas, a marroquina Karina "Ruby" el-Marough, tinha 17 anos na época
Foto: AFP
"É melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay", afirmou o primeiro-ministro ao negar os pedidos para que ele renunciasse ao cargo devido às acusações de prostituição infantil. Berlusconi se recusou a pedir desculpas "por sua preferência por mulheres jovens" e negou ter feito alguma coisa de errado. O premiê disse: "Como sempre, eu trabalho sem interrupção e, se ocasionalmente ocorreu de eu olhar nos olhos de uma garota bonita, é melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay"
Foto: AFP
Em um vídeo divulgado por jornais italianos, Silvio Berlusconi descreve uma família judia ficcional concordando em esconder outro judeu durante o Holocausto, sob a condição de que ele pague 3 mil euros por dia. Na gravação, ele descreve um membro da família perguntando a outro: "Você acha que devemos lhe contar que Hitler morreu e a guerra acabou?". O vídeo gerou polêmica entre judeus italianos
Foto: AFP
"Não sou santo", disse o primeiro-ministro italiano sobre os escândalos envolvendo conversas entre ele e uma prostituta. "Eu não sou santo, mas agora vocês entendem", disse Berlusconi, sorridente, em uma audiência de executivos e políticos no norte da Itália. Ele chamou as acusações de "lixo", que, segundo ele, teriam como objetivo caluniá-lo
Foto: AFP
"Nunca paguei por uma mulher", afirmou Silvio Berlusconi em entrevista à revista Chi. "Nunca entendi que outra satisfação pode haver senão a de conquistar (uma mulher)", disse o premiê, ao reagir às acusações envolvendo prostituição infantil
Foto: AFP
"Mister Obama!", gritou o primeiro-ministro italiano após uma foto oficial no Palácio de Buckingham, em Londres, durante uma reunião de líderes do G20. Em seguida, a rainha Elizabeth II pergunta: "Por que ele tem que gritar?"
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Abrigo a vítimas de terremoto "é como um camping de fim de semana", disse Berlusconi sobre a situação dos desabrigados por um terremoto que atingiu o centro da Itália em abril de 2009. "As pessoas estão bem porque têm muita assistência, muito calor humano, recebem muito amor de nossos voluntários ", afirmou. "Eles têm tudo de que precisam, cuidados médicos, medicamentos à disposição, refeições quentes e abrigo à noite. É como um fim de semana no camping e temos de achar soluç¿es mais concretas"
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Barack Obama é "jovem, bonito e também bronzeado", afirmou o primeiro-ministro italiano em novembro de 2008, após a eleição do novo presidente americano. Berlusconi disse que a eleição de Obama era um bom começo para impulsionar as relações entre Rússia e EUA
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"As mulheres de direita são certamente mais belas do que as de esquerda", disse Silvio Berlusconi, então candidato à reeleição, em um programa de rádio, provocando reação imediata de italianas ligadas a partidos de esquerda ou centro-esquerda. Dias antes, em uma visita à Sardenha, Berlusconi havia afirmado que o poder das mulheres "é dentro de casa"
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"Sou o Jesus Cristo da política", disse o primeiro-ministro a simpatizantes, em fevereiro de 2006. "Aguento todos, me sacrifico por todos", afirmou Silvio Berlusconi. O parlamentar esquerdista Giuseppe Giulietti disse ter certeza de que "Deus e o resto da família de Jesus não gostaram muito disso". Para o parlamentar comunista Marco Rizzo, foi uma "comparação grotesca"
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"Só Napoleão fez mais do que eu", disse Silvio Berlusconi sobre as reformas de seu governo, em fevereiro de 2006, em um programa de televisão. O apresentador retrucou: "Mas não posso fazer um cara a cara com Napoleão", e o premiê respondeu: "Eu sei, mas, de qualquer maneira, eu certamente sou mais alto do que ele"
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"Prometo dois meses e meio de abstinência sexual"¸afirmou o primeiro-ministro italiano em janeiro de 2006, em promessa ao padre Massimiliano Pusceddu. Silvio Berlusconi fez um comício ao lado do padre e prometeu se abster de relações sexuais até as eleições gerais de abril daquele ano: "Vou tentar corresponder a suas expectativas e prometo, de agora em diante, dois meses e meio de absoluta abstinência sexual até 9 de abril"
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"Usei charme e táticas de playboy" para persuadir a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, a desistir da candidatura de seu país em abrigar a nova Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, disse Berlusconi em junho de 2005. "Tive de usar todas as minhas táticas de playboy, mesmo que elas não tenham sido usadas por algum tempo", afirmou o premiê, provocando protestos da Finlândia
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"Mussolini nunca matou ninguém", afirmou o primeiro-ministro em setembro de 2004. "Mussolini enviou as pessoas de férias ao exílio (interno)" disse Berlusconi à revista britânica Spectator. Na ocasião, o premiê italiano afirmou que considerava o ditador da Segunda Guerra Mundial "benigno"
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"Gostaria de sugerir o senhor para o papel de 'Kapo'", disse Berlusconi ao deputado socialista alemão Martin Schulz, que o incomodava com perguntas em sua estreia no Parlamento Europeu. "Kapo" era um prisioneiro de campos de concentração que tinha privilégios para inspecionar o trabalho dos prisioneiros. "Senhor Schulz, eu sei que há na Itália um homem produzindo um filme sobre os campos de concentração nazistas. Gostaria de sugerir o senhor para o papel de Kapo", afirmou o premiê