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Europa

Presidente turco acusa Europa de ter transformado Mediterrâneo em cemitério

3 set 2015 - 18h23
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta quinta-feira a Europa de ter transformado o mar Mediterrâneo em um cemitério de refugiados, diante da comoção mundial causada pela foto do menino sírio que morreu afogado em uma praia do Mar Egeu.

A imagem de Aylan Kurdi, de 3 anos, sem vida em uma famosa praia do balneário turco de Bodrum se transformou em um símbolo da tragédia dos refugiados sírios que fugiram da guerra no país e tentam de todas as formas chegar à Europa.

"Tinha um nome, Aylan Kurdi. Há urgência em reagirmos. Urgência de uma mobilização europeia", afirmou hoje através do Twitter o primeiro-ministro da França, Manuel Valls.

"Os países europeus, que transformaram o mar Mediterrâneo, o berço de uma das civilizações mais antigas do mundo, em um cemitério, têm parte da culpa", afirmou Erdogan durante uma reunião do G20, grupo das maiores economias industrializadas e emergentes do mundo, realizada em Ancara.

O presidente turco fez as declarações segurando uma foto de Aylan em uma reunião onde estavam reunidos ministros do Trabalho e Emprego dos países-membros do G20 no primeiro dos dois dias da cúpula, dedicada ao desenvolvimento econômico.

A imagem mostra a criança com uma camiseta vermelha e uma calça curta, com a boca encostada na areia e o rosto em direção ao mar. O mesmo destino teve o irmão mais velho de Aylan, Galip, de 5 anos, que aparece morto em outra foto.

A mãe de ambos, Rehan, também morreu. O único membro da família que conseguiu se salvar foi o pai, Abdullah Kurdi, que anunciou hoje que levará os corpos à cidade curdo-síria de Kobani, de onde a família fugiu há poucos dias para tentar chegar ao Canadá.

Kobani, situada a poucas centenas de metros da fronteira com a Turquia, resistiu durante meses a uma ofensiva do grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Segundo o jornal turco "Sol", Kurdi afirmou que 16 membros de sua família morreram em Kobani combatendo o EI. Seu desejo agora é enterrar junto a eles os corpos de seus filhos e sua esposa.

Dos 23 refugiados que deixaram Bodrum a bordo de duas barcas para chegar à ilha grega de Kos, 12 morreram no caminho, após as embarcações afundarem no Mediterrâneo. Sete foram resgatados e dois chegaram à costa, auxiliados por coletes salva-vidas. Outros dois seguem desaparecidos.

Do total de vítimas fatais, seis eram crianças com idades entre 9 meses e 11 anos. Aylan era um deles.

Abdullah Kurdi explicou hoje à imprensa turca que perdeu os filhos e a mulher de vista. Depois que a água começou a entrar no barco, os demais refugiados entraram em pânico. Alguns deles ficaram de pé, e a embarcação virou.

Teema Kurdi, uma tia das crianças que trabalha como cabeleireira no Canadá, disse que a família do irmão não conseguiu obter os vistos necessários quando eles foram solicitados na Turquia. O pai das crianças recebeu hoje a oferta de asilo do Canadá, mas rejeitou a proposta.

"Depois do ocorrido, não quero ir. Vou levar os corpos primeiro a Suruç (cidade turca na fronteira com a Síria) e depois a Kobani. Passarei o resto da minha vida lá", afirmou Kurdi.

"Quero que o mundo inteiro nos escute desde a Turquia, onde chegamos fugindo da guerra. Estou sofrendo muito. Faço essa declaração para evitar que outras pessoas vivam o mesmo", declarou o pai da família à imprensa turca.

A polícia da Turquia prendeu hoje quatro cidadãos sírios por tráfico de pessoas que supostamente tiveram participação na organização da viagem na qual as barcas afundaram.

Vivem atualmente na Turquia cerca de 2 milhões de refugiados sírios. Mais de 2 mil tentam diariamente chegar a uma das ilhas gregas próximas ao litoral do país, em balsas e botes, para tentar viajar principalmente rumo à Europa Ocidental.

EFE   
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