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Europa

Premiê ucraniano promete rigidez, apesar da pressão russa

Segundo premiê da Ucrânia, medidas de austeridade são como um "preço pela independência" e descartou a possibilidade de reconhecer a anexação da Crimeia

4 abr 2014 - 12h59
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Premiê ucraniano Arseny Yatseniuk em coletiva de imprensa  durante reunião de emergência com líderes europeus, em Bruxelas, em 6 de março
Premiê ucraniano Arseny Yatseniuk em coletiva de imprensa durante reunião de emergência com líderes europeus, em Bruxelas, em 6 de março
Foto: Reuters

O governo ucraniano manterá as impopulares medidas de austeridade como um "preço pela independência", disse o primeiro-ministro Arseny Yatseniuk.

A Rússia tem feito pressão para tentar desestabilizar a Ucrânia, incluindo um aumento do preço do gás.

Yatseniuk, de 39 anos, que assumiu no mês passado o cargo de premiê-interino depois da deposição do presidente Viktor Yanukovich, admitiu que será muito difícil "sob a atual presença russa", desfazer o "crime internacional" representado pela anexação da Crimeia à Rússia.

Essa península ucraniana, com população majoritariamente russófona, votou por sua incorporação à Rússia depois da deposição de Yanukovich, que abriu espaço para um governo pró-ocidental em Kiev.

O novo premiê descartou a possibilidade de reconhecer a anexação da Crimeia em troca de restabelecer boas relações com Moscou.

"Quero ser perfeitamente claro. Jamais vamos reconhecer a anexação da Crimeia... Chegará a hora em que a Ucrânia irá assumir o controle da Crimeia", disse ele, em inglês, no amplo palácio governamental da era soviética, sob a bandeira azul e amarela da Ucrânia.

Ele se descreveu como o líder de um governo "kamikaze", assombrado pelas impopulares medidas de austeridade que precisará adotar -- as quais, no entanto, ele prometeu manter, incluindo a duplicação do preço do gás para consumidores domésticos, a partir de maio, e o congelamento de salários e pensões, apesar da inflação superior a 10 por cento ao ano e da retração de 3 por cento prevista para o PIB.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/mundo/crimeia/" href="http://noticias.terra.com.br/mundo/crimeia/">veja o infográfico</a>

A ajuda do FMI --14 a 18 bilhões de dólares, em troca de reformas econômicas duras-- seria "um tremendo passo à frente", afirmou. "Vamos recuperar a confiança e a credibilidade dos investidores estrangeiros. Este é um mapa para a Ucrânia."

O governo ucraniano disse que, sem as medidas de austeridade exigidas pelo FMI, a economia poderia encolher até 10 por cento neste ano.

Yatseniuk, que é formado em direito e economia e foi ministro das Finanças, costuma ser visto como excessivamente intelectual e alheio aos problemas reais para ocupar o cargo em que está. Em entrevista ao jornal Kiyv Post em dezembro de 2012, ele disse que só conseguiu chegar ao primeiro escalão do governo "porque sou careca e uso óculos".

Mas ele vem se empenhando em melhorar a imagem, especialmente junto aos ucranianos que têm o russo como língua materna, que vivem principalmente no leste e sul do país.

Analistas dizem que ele também impressionou líderes ocidentais com sua lucidez durante visitas a Washington e Bruxelas no mês passado.

Sobre o apoio ocidental na disputa envolvendo a Crimeia, Yatseniuk disse: "O mundo está preparado para a Terceira Guerra Mundial? Tenho absoluta certeza de que não."

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Ele disse que a adoção de sanções apenas limitadas por parte do Ocidente contra a Rússia é algo compreensível, mas que está permitindo que Moscou intensifique a pressão sobre o país vizinho.

"Não há razão para que a Rússia aumente o preço do gás para a Ucrânia, a não ser uma, a política. Prevemos que a Rússia irá além em termos de pressão na frente do gás, inclusive limitando o fornecimento de gás para a Ucrânia", afirmou. "Eles pressionam, pressionam, pressionam."

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