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Europa

Premiê grego Tsipras fala em mudança radical; mercados reagem mal

28 jan 2015 - 11h20
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O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, prometeu mudança "radical" nesta quarta-feira enquanto seu governo, recém-empossado, trabalhava rapidamente para reverter as partes fundamentais do plano de resgate internacional da Grécia, o que levou a um terceiro dia de perdas nos mercados financeiros.

Premiê grego, Alexis Tsipras, participa de primeira reunião com novo gabinete no prédio do Parlamento em Atenas. 28/1/2015
Premiê grego, Alexis Tsipras, participa de primeira reunião com novo gabinete no prédio do Parlamento em Atenas. 28/1/2015
Foto: Alkis Konstantinidis / Reuters

Uma série rápida de anúncios sinalizou que o novo governo não vai recuar em suas promessas de medidas contra a austeridade, posicionando-se para um confronto com os parceiros europeus, liderados pela Alemanha, que já disseram que não vão renegociar o pacote de ajuda necessária para a Grécia pagar suas dívidas.

Mesmo antes da primeira reunião do novo gabinete, os ministros tinham ido às rádios tranquilizar os eleitores sobre sua meta de honrar as promessas de campanha para reverter as duras políticas econômicas impostas como contrapartida ao programa de resgate de 240 bilhões de euros para a Grécia.

O plano de venda de uma participação de 30 por cento na empresa pública de energia da Grécia, a maior prestadora de serviços públicos no país, foi interrompido, ao mesmo tempo que os ministros se comprometiam a aumentar as pensões de pessoas com baixos rendimentos e reincorporar alguns dos funcionários demitidos do setor público.

"Estamos chegando para mudar radicalmente a maneira que as políticas e a administração pública são conduzidas neste país", disse Tsipras aos ministros, em sua primeira reunião de gabinete.

Os mercados financeiros têm acompanhado nervosamente, com os rendimentos dos títulos gregos de 10 anos subindo até 50 pontos base, em 10,30 por cento, o principal índice da bolsa de Atenas em queda de 4 por cento e as ações de bancos com queda de 12,6 por cento, ampliando as perdas pelo terceiro dia seguido.

Depois de afirmar que o estado de espírito em relação à Grécia estava mudando desde a ampla vitória eleitoral de seu partido de esquerda no domingo, Tsipras disse que iria evitar o antagonismo com União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, credores do país.

"Nossa prioridade é também uma nova negociação com os nossos parceiros, visando atingir uma solução justa, viável e mutuamente benéfica para que o país saia do círculo vicioso de endividamento excessivo e recessão", disse ele.

VENDAS DE ATIVOS

Tsipras disse que o governo adotaria orçamentos equilibrados, mas não buscaria construir "excedentes irrealistas" para servir a enorme dívida pública da Grécia, de mais de 175 por cento do Produto Interno Bruto.

Ele acrescentou que esperava um encontro "produtivo" na sexta-feira com Jeroen Dijsselbloem, chefe do grupo de ministros das Finanças da zona euro.

As prioridades serão ajudar os setores mais frágeis da sociedade, com políticas para atacar o clientelismo e a corrupção endêmica na economia, reduzir o desperdício e o desemprego recorde da Grécia.

Depois de anunciar a suspensão da privatização do porto de Piraeus na terça-feira, para o qual a China Cosco Grupo e outros quatro pretendentes tinham sido pré-selecionados, o governo disse que iria bloquear a venda de uma participação na Empresa Pública de Electricidade da Grécia (PPC).

A empresa, da qual o Estado detém 51 por cento de participação, controla quase todos os mercado de varejo de eletricidade da Grécia e é responsável por cerca de dois terços da concessão de energia do país.

As ações da empresa caíram quase 13 por cento e as do Porto de Pireus, quase 8 por cento.

(Reportagem adicional de George Georgiopoulos e Angeliki Koutantou)

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