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Mundo

Para Londres, restrição de voos às Malvinas seria "injustificável"

2 mar 2012 - 12h19
(atualizado às 12h41)
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O governo britânico afirmou nesta sexta-feira que seria "injustificável" se a Argentina suspendesse o acordo sobre os voos entre o Chile e as Ilhas Malvinas para firmar uma conexão direta com Buenos Aires. Em virtude de um acordo assinado entre a Argentina e o Reino Unido em 1999, a companhia aérea chilena Lan faz semanalmente a rota entre Chile e Ilhas Malvinas, já que está autorizada a cruzar o espaço aéreo argentino.

Passageiros do cruzeiro Star Princess são transportados em barco menor após a chegada do navio ao porto de Arturo Prat, em Punta Arenas, no Chile, na manhã desta terça-feira. Os cruzeiros Adonia e Star Princess foram impedidos de atracar em Ushuahia, na Argentina, vindo das Malvinas devido à tensão entre os governos argentino e britânico sobre o futuro das ilhas Falkland (Malvinas)
Passageiros do cruzeiro Star Princess são transportados em barco menor após a chegada do navio ao porto de Arturo Prat, em Punta Arenas, no Chile, na manhã desta terça-feira. Os cruzeiros Adonia e Star Princess foram impedidos de atracar em Ushuahia, na Argentina, vindo das Malvinas devido à tensão entre os governos argentino e britânico sobre o futuro das ilhas Falkland (Malvinas)
Foto: EFE

Na última quinta-feira, a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, propôs uma renegociação deste projeto no Congresso e também confirmou a implementação de novos voos comerciais entre o arquipélago e Buenos Aires, que serão operados pela companhia Aerolíneas Argentinas três vezes por semana. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido disse nesta sexta-feira que ainda "não está claro" o que a Argentina está propondo, já que o Governo de Buenos Aires ainda não comunicou as autoridades do Reino Unido. No entanto, a fonte especificou que Londres espera que "Argentina respeite seus compromissos em virtude do acordo assinado em 1999".

"O voo semanal vindo do Chile é uma rota bem estabelecida e é muito utilizada pelos moradores das Ilhas Malvinas (Falklands Islands, como chamam os britânicos) e inclusive pela comunidade chilena", acrescentou o porta-voz. "Seria profundamente decepcionante e totalmente injustificável se a Argentina fizesse pressão para suspender esse voo", disse o porta-voz. "Se a Argentina tem interesse em impulsionar os voos aéreos entre o continente e as ilhas, deveria reconsiderar sua proibição sobre (a passagem) dos voos charter por seu espaço aéreo. Certamente, teremos uma discussão a respeito", especificou.

A presidente argentina disse que seu governo tinha pensado na possibilidade de proibir os voos às Malvinas depois do Governo britânico ter se recusado a negociar a soberania das ilhas, mas explicou que mudou essa posição "para demonstrar que a Argentina não quer prejudicar nenhuma comunidade".

As relações anglo-argentinas atravessam por um momento de forte tensão pela disputa da soberania das ilhas. Na última quarta-feira, o Reino Unido convocou o principal responsável diplomático argentino em Londres, Osvaldo Mársico, para que explicasse a decisão de seu país em viabilizar um possível boicote contra produtos britânicos.

A tensão se agravou no último ano, quando os países do Mercosul (Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil) concordaram em impedir a entrada de navios com bandeira das ilhas do Atlântico Sul em seus portos. A presença do príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico, no arquipélago e o envio de um avião de guerra também incomodaram as autoridades argentinas. A guerra entre os dois países pela soberania das Ilhas Malvinas, que resultou na morte de mais de 900 mortos, completará seu 30º aniversário ainda neste ano.

EFE   
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