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Mundo

Papa Bento XVI condena apelo à desobediência na Igreja

5 abr 2012 - 11h44
(atualizado às 12h37)
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O papa Bento XVI condenou nesta quinta-feira os apelos à desobediência, tais como os lançados na Áustria pela ordenação de mulheres. O Pontífice considerou que esta atitude constitui um "impulso desesperado" e não é o caminho para a renovação de uma igreja, que está "em uma situação dramática".

"Recentemente, um grupo de sacerdotes de um país europeu fez um apelo à desobediência, também deram exemplos concretos de como expressar essa desobediência", relatou o Papa para 1,6 mil cardeais, bispos e padres reunidos na Basílica de São Pedro, por ocasião da solene "Missa Crismal", a primeira da Quinta-Feira Santa. Esta contestação, afirmou, é a favor da ordenação de mulheres. Sobre isso, "João Paulo II já havia declarado, de maneira irrevogável, que a Igreja não recebeu qualquer autorização do Senhor para tanto".

O Papa respondeu ao movimento austríaco "Iniciativa dos padres", que fez em junho de 2011 um "apelo à desobediência religiosa" e um pedido por reformas na Igreja. Este movimento sempre foi muito bem recebido pelos fiéis e clero austríaco e em outros lugares. "A desobediência é um caminho de renovar a Igreja?", perguntou o Papa, antes de contestar: "O que é necessário, é uma configuração a Cristo, e assim, necessariamente, uma renúncia da alardeada auto-realização".

"Mas como deve ser feita esta configuração a Cristo na situação dramática vivida pela Igreja hoje?", questionou o Papa. Joseph Ratzinger reconheceu certa sinceridade nos esforços desses reformista. "Queremos acreditar que os autores deste apelo são motivados por sua preocupação com a Igreja, convencidos de que temos de enfrentar a lentidão das instituições por medidas drásticas para abrir novos caminhos". "Mas será que está correto agir com o ímpeto desesperado de transformar a Igreja de acordo com desejos e ideias pessoais?", questionou.

Segundo Bento XVI, o próprio Cristo havia "corrigido tradições humanas que ameaçavam sufocar a palavra e a vontade de Deus", opondo-se aos sacerdotes judeus de sua época. Mas ele fez isso "para despertar a verdadeira obediência à vontade de Deus". O Papa negou que a Igreja Romana quer "defender o status quo, o endurecimento da tradição", referindo-se ao Concílio Vaticano II (1962-1965), que marcou a abertura da Igreja ao mundo moderno. "Não! Quem olha a história da época pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente toma formas inesperadas em um movimento cheio de vida", disse.

Durante a missa, que é uma oportunidade dos padres renovarem a sua fidelidade à Igreja, o papa estimulou todos à excelência e a não serem meros servos da Igreja: os fiéis "nunca devem ter a sensação de que cumprimos o nosso cronograma de trabalho, mas que antes e depois nos preocupamos com nós mesmos". "Um padre nunca pertence a si mesmo", concluiu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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