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Europa

Obama tenta acalmar a tensão em torno do caso Edward Snowden

27 jun 2013 - 13h28
(atualizado às 13h56)
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O presidente Barack Obama tentou acalmar o clima de tensão ao negar nesta quinta-feira que os Estados Unidos tenham a intenção de interceptar voos para capturar o ex-consultor informático acusado de espionagem Edward Snowden, que está desde domingo no aeroporto de Moscou à espera de uma decisão que poderia levá-lo ao Equador.

"Não vamos interceptar voos para capturar um hacker de 29 anos", declarou Obama em Dacar, onde iniciou um giro pelo continente africano.

Obama assegurou que não discutiu a questão com os presidentes da Rússia e da China por considerar que se trata de um assunto exclusivamente judicial.

Os Estados Unidos pede a extradição de Snowden, ex-consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA), que vazou informações sobre programas para monitorar chamadas telefônicas e comunicações na internet, nos Estados Unidos e no exterior.

Snowden não é visto em público desde que desembarcou em Moscou no domingo. Ele deveria viajar para o Equador com uma escala em Cuba, mas permanece na zona de trânsito do aeroporto Sheremetievo, segundo as autoridades russas.

"Outro avião decolou para Cuba, sem Snowden", anunciou nesta quinta-feira a emissora pública russa.

O próximo voo para a capital cubana está previsto para sábado.

"Snowden não tem documentos válidos. Por isto não pode viajar a Cuba nem para outro lugar", disse uma fonte, citada pela agência estatal RIA Novosti.

As autoridades americanas revogaram o passaporte de Snowden, que inicialmente fugiu para Hong Kong (território sob soberania chinesa) e de lá para Moscou.

Snowden pediu asilo político ao Equador, que desmentiu na quarta-feira ter emitido um salvo-conduto para o ex-funcionário de uma empresa que prestava serviços para a NSA.

A lei russa permite uma pessoa permanecer na zona de trânsito do aeroporto por até 24 horas, mas autoriza a permanência por mais dez dias por "razões excepcionais".

Este seria o tempo necessário para Snowden encontrar um país em que se sinta seguro.

A Rússia ressaltou na quarta que, em todo caso, não extraditará Snowde.

Ele "não violou as leis russas, não cruzou a fronteira, está na zona de trânsito e pode voar para onde quiser", declarou o chanceler Serguei Lavrov.

== Equador renuncia aos benefícios tarifários dos EUA ==

Segundo o canal americano de língua espanhola Univisión, o Equador teria entregue um salvo-conduto de trânsito a Snowden, mas Quito negou ter repassado qualquer documento neste sentido.

Por outro lado, o Equador, que até o momento não deu uma resposta ao pedido de asilo, renunciou nesta quinta-feira aos benefícios tarifários concedidos pelos Estados Unidos como compensação por sua luta antidrogas, ao denunciar ameaças de setores desse país.

"O Equador renuncia de maneira unilateral e irrevogável a essas preferências tarifárias ou ATPDEA", segundo declaração lida pelo secretário da Comunicação, Fernando Alvarado.

"O Equador não aceita pressões ou ameaças de ninguém, e não comercializa com os princípios nem os submete a interesses mercantis, por importantes que estes sejam", acrescenta a nota.

O governo de Rafael Correa recordou que as preferências do ATPDEA "foram originalmente concedidas como uma compensacão aos países andinos por sua luta contra as drogas, mas logo se converteram em um novo instrumento de chantagem".

Em 2012, o país já havia concedido asilo a Julian Assange, fundador do WikiLeaks e autor do vazamento de centenas de milhares de documentos diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos. O australiano está refugiado há um ano na embaixada de Quito em Londres.

O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, declarou na quarta que a análise do pedido de Snowden "pode durar um dia, uma semana ou, como aconteceu com Assange, poderia levar dois meses".

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cujo país também enfrenta Washigton, declarou por sua vez que Caracas outorgaria asilo a Snowden se ele pedir.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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