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Mundo

Obama recebe Nobel e defende a guerra para alcançar a paz

10 dez 2009 - 10h01
(atualizado às 14h52)
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Ao receber o prêmio Nobel da Paz nesta quinta-feira, em Oslo, na Noruega, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, destacou o papel do seu país na busca pela paz durante o século XX, lembrando que "não houve uma Terceira Guerra Mundial", e alertou que nos últimos dez anos o mundo vem enfrentando novas ameaças, sobre as quais ele não pode permanecer de braços cruzados. "Sou responsável pelos jovens americanos que estão lutando no Afeganistão", afirmou o líder americano, diante de mil pessoas que lotaram o auditório municipal, entre elas os reis Harald e Sonja da Noruega.

Obama discursa durante entrega do Prêmio Nobel da Paz 2009
Obama discursa durante entrega do Prêmio Nobel da Paz 2009
Foto: AP

Obama, ao receber a medalha e o diploma do prêmio e ser aplaudido por mais de um minuto, reconheceu a polêmica sobre a escolha de um presidente cujo país mantém uma guerra, mas argumentou que se reserva o direto de agir para proteger o seu país. Ele afirmou que o uso da força às vezes é justificado, especialmente quando estão em jogo questões humanitárias. Para o presidente americano, no caso da Al-Qaeda, negociações não levarão seus combatentes a depôr as armas. Também fez uma apelo por ações mais rígidas contra países que desrespeitam leis internacionais, como sanções que impõem um "custo real".

"Sei que o diálogo com regimes repressivos carece da pureza satisfatória da indignação", disse, fazendo referência a Mianmar, Coreia do Norte e Irã. "Mas também sei que as sanções sem uma aproximação e a condenação sem debate podem servir para perpetuar um 'status quo' prejudicial", acrescentou, afirmando ainda que "nenhum regime repressivo pode empreender um novo caminho a menos que tenha uma porta aberta. Para Obama, esses governos não podem fazer "vista grossa" às normas internacionais. "Os regimes que violarem as normas devem prestar contas", ressaltou.

Pela paz, a guerra

Criticado por enviar 30 mil soldados a mais para a guerra no Afeganistão dias antes de receber o Prêmio Nobel da Paz, Obama afirmou que "os instrumentos de guerra têm um papel a desempenhar para manter a paz". "Guerras, em uma forma ou outra, existem desde sempre. Na aurora da história, sua moralidade não era questionada - era um simples fato, como a seca e as doenças", disse, para em seguida afirmar que o conceito de "guerra justa" surgiu para ser aplicado quando os homens não encontram outro recurso.

Obama destacou, no entanto, que esse conceito de "guerra justa" foi raramente observado na história, pois os "homens sempre pensavam em novos jeitos de matar". "Assim como crescia a nossa incapacidade de aceitar aqueles que pensam de forma distinta ou os que rezam para um deus diferente", acrescentou. "Guerras entre exércitos deram lugar a conflitos entre nações - guerras totais em que a diferença entre combatentes e civis desapareceu", afirmou, fazendo uma referência direta aos grandes confrontos do século XX, principalmente a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

Depois das grandes guerras, disse Obama, os Estados Unidos lideraram o mundo no sentido de "construir uma arquitetura para manter a paz". Ele citou o Plano Marshall e as Nações Unidas como mecanismos que buscaram "tratados de direitos humanos, prevenção de genocídios e restrição de armas perigosas". "Em muitas maneiras, esses esforços tiveram sucesso. Sim, passamos por terríveis guerras, atrocidades foram cometidas. Mas não houve uma Terceira Guerra Mundial", lembrou o líder. Em seguida, ressaltou que não fraquejará jamais em manter o compromisso dos Estados Unidos com a segurança global, mas que não pode agir sozinho.

Humildade

Ao iniciar seu discurso, Obama, de forma humilde, reconheceu que suas "conquistas são poucas" em comparação com outros agraciados anteriormente com o Nobel da Paz. "Comparado com os gigantes da história que receberam esse prêmio, meus feitos são modestos. E há os homens e mulheres ao redor do mundo que foram presos e torturados ao buscar a justiça, há aqueles que trabalham em organizações para amenizar o sofrimento. Eu não posso querer que eu mereça mais esse prêmio do que esses homens e mulheres", acrescentou Obama.

Antes da cerimônia, Obama voltou a afirmar que outros candidatos talvez fossem mais merecedores do Prêmio Nobel de la Paz. "Não duvido que existam outros que talvez fossem mais merecedores", declarou Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, pouco antes de receber o prêmio na prefeitura de Oslo. O líder norueguês, no entanto afirmou que o Nobel foi merecido. "Não posso pensar em ninguém que tenha feito tanto pela paz durante o ano passado", disse.

O presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, também defendeu a decisão de premiar Obama. "Muitos são os que acham que o Prêmio chega muito cedo, mas a história está cheia de ocasiões perdidas. É agora, hoje, quando temos a ocasião de apoiar as ideias do presidente Obama. Este prêmio é um chamado à ação para todos nós", afirmou Jagland no discurso pronunciado na cerimônia de entrega do Nobel.

O comitê Nobel surpreendeu o mundo, e o próprio vencedor, ao anunciar no dia 9 de outubro o prêmio a Obama, apenas nove meses depois da posse do democrata, e afirmou que devia aos "esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".

Com agências internacionais

Fonte: Redação Terra
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