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Europa

O que significa a vitória dos separatistas na Catalunha

28 set 2015 - 09h11
(atualizado às 10h05)
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Líder do "Junts pel Sí", Artur Maslíder, disse que resultado sugere mandato para buscar independência
Líder do "Junts pel Sí", Artur Maslíder, disse que resultado sugere mandato para buscar independência
Foto: Getty

Partidos a favor da independência da Catalunha da Espanha conquistaram a maioria absoluta no Parlamento regional, resultado que foi visto por separatistas como um mandato para seguir adiante com planos de divisão. O cenário, no entanto, é incerto, já que os independentistas não obtiveram mais de 50% dos votos, o que indica que a maioria dos catalães é contra a separação.

A coalizão separatista Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), que havia prometido iniciar um processo que levaria à independência da Catalunha em até 18 meses, conquistou 62 dos 135 assentos do Parlamento. Para ter controle da Casa, precisava ter obtido 68 cadeiras.

Para o líder da coalizão, Artur Mas, "os catalães votaram 'sim' à independência".

Para obter a maioria e formar o governo regional, o Junts pel Sí teria de se aliar a outro grupo que promove a independência, a formação radical de esquerda Candidatura d'Unitat Popular (Candidatura de Unidade Popular, CUP), que obteve 10 assentos. Uma aliança, no entanto, não deverá ser fácil: o CUP anunciou que não integraria um governo com o "Junts pel Sí".

Somados, os votos dos separatistas chegam a 47,9% do total.

Os partidos contrários à separação da Espanha dizem que a maioria dos eleitores rejeitam a independência catalã.

A segunda maior força política no Parlamento local agora é o jovem partido de centro-direita Ciutadans (Cidadãos), que obteve 25 assentos, o triplo do conquistado nas eleições regionais de 2012.

O partido, que se apresentará pela primeira vez nacionalmente nas eleições de dezembro, conquistou votos de cidadãos descontentes com forças tradicionais, como o Partido Socialista da Catalunha (PSC) e o conservador Partido Popular (PP).

O PSC perdeu espaço, ao conquistar apenas 16 assentos. O PP, do primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, teve um desempenho ainda pior: elegeu apenas 11 parlamentares, contra os 19 eleitos em 2012.

A participação do eleitorado, de 77,5%, superou em 10 pontos à registrada nas eleições regionais de 2012.

Foto: EFE

O que vem agora?

O cenário político complicado sinaliza semanas de negociações. Não será fácil formar uma coalizão, o primeiro obstáculo dos partidos será encontrar pontos comuns.

O "Junts pel Sí" é uma coalizão que envolve legendas de diversos conceitos políticos, incluindo os democratas-cristãos, enquanto a CUP é um movimento radical de esquerda.

Além de indicar que não integraria a coalizão, o CUP mostrou rejeição a Artur Mas, um político conservador, como presidente do governo regional.

A maior decepção para os separatistas seria não conseguir formar um governo com a maioria absoluta que conquistaram. Além disso, terão que enfrentar também o fato de a Constituição espanhola não permitir que regiões se separem.

O plano unilateral de independência do Junts pel Sí inclui a criação de novas instituições catalãs, uma Constituição própria, um Banco Central e um sistema judicial.

Como fica o governo Rajoy?

Uma vitória tão expressiva dos separatistas no Parlamento regional e um desempenho fraco do PP são um revés claro para o governo do premiê, Mariano Rajoy, três meses antes de eleições gerais, disseram analistas.

O governo de Rajoy se opõe à realização de referendos sobre separação - alguns chegaram a ser realizados, mas seus resultados não foram reconhecidos por Madri -, argumentando que violariam a Constituição espanhola, e garantiu que usará todos os recursos legais para evitar o processo de separação da Catalunha.

Mas, para alguns, o resultado do fim de semana mostra que o governo central deveria estar mais aberto ao diálogo.

O sentimento separatista aumentou durante a crise econômica espanhola, que levou o desemprego aos dois dígitos. Há temores crescentes que a articulação territorial da Espanha possa afetar a confiança dos mercados e a recuperação do país.

Apesar do resultado, o PP mandou uma mensagem de tranquilidade através das redes sociais, afirmando que seguirá "garantindo a unidade da Espanha".

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