PUBLICIDADE

Europa

Novas ameaças ofuscam celebrações pelo fim da Segunda Guerra Mundial

8 mai 2015 - 10h00
Compartilhar
Exibir comentários

A Europa comemorava nesta sexta-feira o 70º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, símbolo de esperança e liberdade, enquanto seus líderes alertavam sobre as ameaças atuais, como a guerra na Ucrânia e o jihadismo.

"Não vivemos a guerra, a encaramos como uma realidade distante, às vezes abstrata, embora não esteja tão longe de nós, na Ucrânia (...), no Oriente Médio, ou seja, a quatro ou cinco horas de avião", declarou o presidente francês, François Hollande, ao dar os prêmios do concurso nacional da resistência e da deportação a jovens franceses.

Diferentemente das solenes cerimônias do 70º aniversário do desembarque da Normandia em 2014, às quais muitos chefes de Estado compareceram, cada país decidiu organizar atos nacionais desta vez.

"Há cidadãos franceses que, infelizmente, vão a lugares de conflito onde podem perder a vida para ser alistados, doutrinados", disse Hollande, em referência aos franceses que viajaram à Síria ou ao Iraque para se unir a grupos jihadistas.

Hollande presidiu posteriormente uma cerimônia no Arco do Triunfo com o primeiro-ministro, Manuel Valls, e com o secretário americano de Estado, John Kerry, que foi a Paris para se reunir com vários de seus colegas do Golfo.

Em 1945, "países feridos pela guerra embarcaram em um novo caminho que uniu o continente (...) Hoje, graças à União Europeia, estamos mais próximos do que nunca de uma Europa livre e em paz", afirmou Kerry em uma declaração escrita.

"Hoje somos solidários com o povo da Ucrânia diante da agressão russa (...), recorremos a sua liderança (da UE) na luta contra (o grupo) Estado Islâmico. E celebramos sua ação para salvar vidas (de imigrantes) no Mediterrâneo", acrescentou Kerry.

A Alemanha, que foi derrotada em 1945 e se converteu em um modelo de democracia e em uma potência econômica, também celebrou a libertação do obscurantismo nazista e agradeceu aos aliados ocidentais e ao exército vermelho por sua luta contra o nazismo.

"Colocaram fim ao regime de terror nacional-socialista às custas de sacrifícios inimagináveis", disse o presidente do Bundestag (Câmara Baixa), Norbert Lammert, durante uma cerimônia no Parlamento com a chanceler Angela Merkel.

Os dirigentes ocidentais que viajaram a Moscou para celebrar o 60º aniversário do fim do conflito em 2005 não irão à Rússia desta vez devido ao conflito ucraniano.

Acusam o Kremlin de armar os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia, uma afirmação que a Rússia sempre negou.

Na Praça Vermelha de Moscou desfilarão 16.000 soldados e 194 veículos blindados, e 143 aviões e helicópteros sobrevoarão o lugar. A Rússia celebra o fim da guerra em 9 de maio, e não no dia 8, pela diferença de fuso horário entre a capital russa e Berlim, onde foi assinada a capitulação alemã.

A guerra na Ucrânia gera muita preocupação no continente, sobretudo entre os ex-membros da União Soviética que integraram a União Europeia e têm receio das aspirações russas.

O lugar da Ucrânia está "dentro do lar europeu comum", declarou o presidente polonês, Bronislaw Komorowski, que inaugurou as comemorações de 8 de maio na madrugada desta sexta-feira.

"Na Europa ainda há forças que lembram os períodos mais sombrios da história europeia do século XX, que seguem a lógica das zonas de influência e tentam manter seus vizinhos no estado de dependência dos vassalos", afirmou.

Para dramatizar sua ruptura com Moscou, a Ucrânia, uma ex-república soviética que sofreu muitas baixas entre 1941 e 1945, decidiu celebrar pela primeira vez o fim da guerra no dia 8 de maio, e não no dia 9.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade