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Europa

Neonazista alemã silencia ao ser acusada de assassinatos e terrorismo

Beate Zschäpe é a única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacional Socialista (NSU)

14 mai 2013 - 14h19
(atualizado às 14h55)
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A neonazista alemã Beate Zschäpe permaneceu nesta terça-feira impassível durante a leitura das acusações da Procuradoria de Munique, que a acusou de pertencer a um grupo terrorista e participar de vários assassinatos, por ódio racial e impulsionado pela ideologia nacional socialista.

Beate, 38 anos e única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacional Socialista (NSU), ficou novamente calada durante toda a leitura das acusações do promotor Herbert Diemer, segundo o qual o grupo buscou "arbitrariamente" suas vítimas e estabelecendo unicamente em que fossem imigrantes, preferencialmente turcos.

O promotor detalhou perante o Tribunal Regional de Munique cada um dos assassinatos cometidos supostamente pelos dois companheiros de Beate - Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos - que mataram oito turcos e um grego sempre com a mesma pistola, uma Ceska.

<p>Beate Zsch&auml;pe &eacute; acusada de ser fundadora do grupo neonazista, ser c&uacute;mplice de assassinatos, duas explos&otilde;es de bomba em Col&ocirc;nia e 15 roubos a bancos</p>
Beate Zschäpe é acusada de ser fundadora do grupo neonazista, ser cúmplice de assassinatos, duas explosões de bomba em Colônia e 15 roubos a bancos
Foto: Reuters

A acusada teria participado do planejamento e dos preparativos dos assassinatos e lhes teria proporcionado o local para se esconder.

Além dos assassinatos dos imigrantes, cometidos entre 2000 e 2007, o grupo foi responsável, segundo a promotoria, por dois atentados a bomba, em que 23 pessoas ficaram feridas, assim como em por ataque a dois policiais, em que uma policial foi morta.

A promotoria acusa ainda o NSU 15 de assaltos a bancos, em que Beate teria se encarregado ainda de toda a logística e da questão financeira.

Beate decidiu incendiar a casa onde os três viveram, após o suicídio de seus dois companheiros ao se verem perseguidos pela polícia, em 4 de novembro de 2011, lembrou o promotor.

O motivo dos atos foi o ódio racista, imbuído pela ideologia nacional socialista, da acusada, que desejou "sucesso a cada uma das ações" do grupo.

A promotoria acusou ainda outros quatro réus de cumplicidade. Um deles teria fornecido as armas ao grupo e, outro, documentação falsa.

A leitura da acusação aconteceu depois que o Tribunal rejeitou o pedido da defesa, que pretendia uma nova interrupção do julgamento alegando falta de espaço.

Os advogados da ré argumentaram que a capacidade da sala é insuficiente, dado o grande interesse midiático no caso, e solicitaram a mudança para uma sala maior.

Já na abertura do julgamento, na segunda-feira da semana passada, os três advogados de defesa de Beate haviam pedido sua suspensão por parcialidade do juiz, questão que foi posteriormente rejeitada.

 Combinação de fotos mostra tatuagens que compõe a palavra Freiheit (liberdade em alemão) nas mãos do réu Andre E.
Combinação de fotos mostra tatuagens que compõe a palavra Freiheit (liberdade em alemão) nas mãos do réu Andre E.
Foto: Reuters

A existência do NSU veio à tona após a morte dos dois companheiros de Zschäpe, já que até então os assassinatos dos imigrantes haviam sido atribuídos a acertos de contas entre estrangeiros.

A comissão do Parlamento que investiga a NSU atribuiu ontem a uma "falha policial sem precedentes" o fato de que seus membros se mobilizaram impunemente durante 13 anos, apesar de terem cometido dez assassinatos e perpetraram vários atentados a bomba.

O caso desse grupo é reflexo de um "vergonhoso fracasso de várias perspectivas", apontou o presidente da comissão, o social-democrata Sebastian Edathy.

Não há indícios fundamentados que sustentem que a polícia encobriu ou protegeu o grupo, mas sim de uma sequência de erros por parte das forças de segurança frente à extrema-direita, acrescentou Edathy ao apresentar o relatório parcial de suas investigações.

A comissão foi formada no ano passado, após a revelação tardia da existência do grupo, por causa do suicídio de dois de seus membros.

EFE   
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