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Europa

Neonazista alemã julgada por assassinatos aparenta normalidade no tribunal

6 mai 2013 - 11h10
(atualizado às 11h11)
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O julgamento da neonazista alemã Beate Zschäpe, sobrevivente do grupo Clandestinidade Naciona-socialista (NSU), começou nesta segunda-feira com a acusada aparentando "normalidade", enquanto sua defesa solicitava a suspensão do processo, alegando parcialidade do juiz.

Beate, de 38 anos e acusada de pertencer a um grupo terrorista e cometer o assassinato de nove imigrantes e uma policial, se apresentou ao tribunal vestindo roupa escura sóbria, com os braços cruzados e aparentando absoluta tranquilidade.

Ela estava sendo aguardada por muitos jornalistas, durante os poucos minutos em que a presença de câmeras na sala foi autorizada, já que assim que começou o processo, de acordo com a prática judicial alemã, seriam enviadas equipes de televisão e fotógrafos.

Imediatamente, Beate ficou de costas falando com seus advogados - um trio de jovens - e assim permaneceu até que as câmeras saíram, após o qual sua defesa solicitou a suspensão do processo alegando parcialidade do juiz.

O pedido foi baseado no fato de que os integrantes da defesa foram obrigados a uma revista policial preliminar na busca de armas, mas a promotoria não.

Após um curto intervalo a solicitação foi rejeitada e se procedeu ao início do julgamento de Beate e quatro supostos cúmplices da NSU, a célula neonazista acusada do assassinato de oito imigrantes turcos e um grego, assim como de uma agente da polícia, todos eles entre 2000 e 2007.

Horas antes da abertura, grupos de manifestantes de esquerda já estavam diante do Tribunal Regional de Munique exigindo total esclarecimento do caso e denunciando a suposta responsabilidade da polícia com um grupo que atuou impunemente durante mais de uma década.

As autoridades locais armaram um forte esquema de segurança para o início do processo, que havia gerado uma forte controvérsia já que inicialmente não haviam sido previstas praças para veículos de imprensa turcos, até que o Tribunal Constitucional intercedeu a favor deles.

A existência do grupo veio à tona de repente, depois que a acusada se entregou, em 8 de novembro de 2011, após incendiar a casa em Zwickau (leste do país) onde havia convivido com os outros dois membros da NSU, Uwe Böhnhard e Uwe Mundlos.

Seus dois companheiros apareceram mortos quatro dias antes em um trailer, o que foi considerado um duplo suicídio de dois criminosos perseguidos pela polícia após assaltar um banco.

Nessa casa em Zwickau foram encontradas as pistas e a arma com que os imigrantes foram mortos em diferentes pontos do país, enquanto a própria Beate divulgou antes de se entregar em vídeos macabros em que o grupo se gabava de seus crimes.

Os três neonazistas se financiavam assaltando bancos e, além dos dez assassinatos que se acusam Beate de cometer, fizeram em 2001 e 2004 dois atentados com bomba em Colônia.

Beate está sendo julgada com outros quatro supostos cúmplices da NSU, cujos vínculos com outros grupos ultradireitistas foram revelados tão tarde quanto tudo que cerca o caso, e em meio a suspeitas de negligência ou encobrimento policial com esses círculos.

Será um processo em que, indiretamente, será julgada a ineficácia ou a negligência das forças de segurança frente à extrema-direita.

Para o julgamento eram previstas 80 vistas, até janeiro de 2014, mas espera-se com que se estenda mais.

O processo da acusação está contido em 488 páginas, foram convocadas 606 testemunhas e a acusação particular representa 80 litigantes - a maioria, familiares das vítimas.

EFE   
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