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Europa

Mudanças na Europa enfraquecem a chanceler Angela Merkel

7 mai 2012 - 12h08
(atualizado às 12h14)
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A derrota dos governos em fim de mandato na França e na Grécia significam um fracasso para a chanceler alemã, Angela Merkel, que segue defendendo a política de austeridade, embora tenha ficado desautorizada na Europa, consideravam nesta segunda-feira alguns analistas.

Merkel esperava a reeleição do presidente francês, Nicolas Sarkozy, seu principal aliado, mas agora precisa lidar com a vitória do socialista François Hollande, que quer rever o predomínio das políticas neoliberais contra a crise.

Na Grécia, os dois principais partidos no poder, que apoiavam a política de austeridade, sofreram uma derrota histórica.

"Os alemães estão sozinhos com seu pacto orçamentário", dizia o jornal conservador alemão Die Welt. "O desejo de François Hollande de completar com um capítulo de crescimento o pacto fiscal europeu prejudica o poder da chanceler na Europa", dizia o jornal de negócios Financial Times Deutschland.

Stefan Seidendorf, analista de política europeia no Instituto franco-alemão de Ludwigsburg, reconhece que há um risco de isolamento para a Alemanha. Segundo ele, Angela Merkel aceitou discutir medidas de crescimento adicionais para "não ceder sobre a criação de eurobônus ou sobre o status do Banco Central Europeu".

Seidendorf adverte que ela pode se encontrar entre a espada da opinião pública e a parede da pressão europeia. Para satisfazer a primeira, Merkel reiterou nesta segunda-feira sua firmeza em uma reação inicial à eleição de Hollande.

"O pacto fiscal não é negociável (...) não é possível renegociá-lo todo depois de cada eleição", caso contrário, "a Europa não funcionaria", repetiu.

Mas a chanceler "vai ter que ceder em alguma coisa sobre a política europeia" e explicar isso aos alemães, já que é do "interesse da Alemanha", considera Seidendorf.

"Pelo momento, não conseguiu fazê-lo. O debate foi muito nacional, e inclusive nacionalista". Esta é, de fato, "a principal crítica que pode ser feita" a Merkel, segundo o analista.

A opinião alemã apoia majoritariamente a política de austeridade preconizada pela chanceler, embora a opinião ecologista e social-democrata também o façam. "A maioria dos alemães têm a impressão de que Merkel tem o controle da crise na Eurozona", comentava nesta segunda-feira o semanário de centro-esquerda Der Spiegel.

Mas a revista ressalta também o risco de um enfraquecimento da conjuntura na Alemanha, país que não foi afetado pela crise até agora. Os protestos contra a austeridade ocorrem num momento em que a economia alemã parece menos luminosa, ressentida pelas dificuldades de seus vizinhos.

Depois de anos de sacrifícios sobre os salários, tacitamente aceitos pelos sindicatos em nome da competitividade do país e da queda do desemprego, os conflitos sociais se multiplicaram nas últimas semanas.

"As eleições de domingo não são a derrota de Merkel, mas as dos governos francês e grego", afirma Lüder Gerken, diretor do Centro para a Política Europeia de Freiburg, embora reconheça que, "provavelmente, a posição a favor das reformas estruturais defendida por Merkel e Sarkozy esteja enfraquecida, já que Sarkozy já não está lá. É uma posição mais difícil para Merkel".

Pensa, no entanto, que François Hollande não enfrentará Berlim. "É um pragmático", disse, e lembra que o "conservador Helmut Kohl e o socialista François Mitterrand trabalharam juntos muito bem", razão pela qual o mesmo pode ocorrer com Merkel e Hollande. "O maior problema é a Grécia", segundo ele.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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