O promotor turco Mehmet Selim Kiraz, que havia sido sequestrado por extremistas de esquerda em um tribunal de Istambul, não resistiu a uma cirurgia e morreu. De acordo com o presidente Tayyip Erdogan, a vítima levou três tiros na cabeça e dois no corpo.
Os dois homens do grupo marxista clandestino Partido/Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C) que mantinham Mehmet Selim Kiraz refém também morreram.
O chefe de polícia, Selami Altinok, estabeleceu linhas de comunicação com os sequestradores, mas agentes tiveram de invadir o Palácio da Justiça de Caglayan, na zona europeia de Istambul, após ouvir disparos dentro do local.
Os extremistas, que chegaram a apontar uma arma para a cabeça da vítima durante o cerco da polícia, exigiam a confissão televisionada do policial que atirou em Elvan e um julgamento para os policiais envolvidos na morte, além da reintegração para aqueles que participaram protestos após a morte do adolescente.
"Não podemos menosprezar a seriedade desde incidente", disse o presidente turco, destacando que a segurança no tribunal deve ser reforçada.
Homens de minissaia protestam contra a violência na Turquia:
Kiraz investigava a morte do adolescente de 15 anos Berkin Elvan, que morreu em consequência de um ferimento na cabeça provocado durante protestos contra o governo em 2013.
O DHKP-C é classificado pelos Estados Unidos, União Europeia e Turquia como uma organização terrorista. O grupo protagonizou um atentado suicida à embaixada americana em 2013 e à região central de Istambul em 2001, matando dois policiais e um turista australiano.
Quem é Berkin Elvan?
Berkin Elvan era um garoto de 15 anos que morreu devido aos ferimentos sofridos durante os protestos antigovernamentais na Turquia em 2013. O adolescente, que foi atingido com uma lata de gás lacrimogêneo quando saiu para comprar pão, passou cerca de nove meses em coma antes de falecer em março de 2014.
Depois de sua morte, houve grandes protestos na Praça Taksim de Istambul, além de vilas e cidades em toda a Turquia. No momento, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o governo. A mãe acusou o presidente do país de matar o adolescente.
Com informações da Ansa Brasil e Reuters.
Outubro de 2012 - o governo de Ankara proíbe uma marcha planejada para o Dia da República, sob a alegação de que serviços de segurança do Estado receberam a informação de que grupos pretendiam causar tumultos. Ainda assim, milhares de pessoas, incluindo o líder do maior partido da oposição, desconsideram a ordem e desafiaram os policiais, que reagiram com lançamento de jatos d'água
Foto: AFP
Fevereiro de 2013 - milhares de mulheres turcas protestam contra declaração do primeiro-ministro Erdogan de que considera o aborto um assassinato. Na Turquia, o aborto é legal nas 10 primeiras semanas de gestação quando há consentimento da mulher e do marido
Foto: AFP
Abril de 2013 - começam as escavações para a construção da controversa mesquita Camlica, em Istambul, de mais de 55 mil metros quadrados e com capacidade para até 30 mil fieis. O projeto recebe críticas da população, que, além de julgar a construção desnecessária, acredita que ela causará grandes danos ao meio ambiente
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Abril de 2013 - conhecido mundialmente, o renomado pianista turco Fazil Say é condenado a 10 meses de prisão por insultar as crenças religiosas de uma parcela da população. O fato causa revolta de simpatizantes do músico, ateu e opositor de Erdogan
Foto: AFP
Maio de 2013 - policiais recorrem à violência para dispersar manifestantes que participam do May Day, na praça Taksim. A população protesta contra o fechamento da praça, considerada necessária pelo governo para a sua renovação
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Dois carros-bomba matam 52 pessoas e ferem outras 140 em Reyhanli, na fronteira com a Síria. O governo turco acusa o governo sírio de estar envolvido no atentado, mas moradores locais culpam a própria política turca
Foto: AP
Erdogan se encontra com o presidente Barack Obama para discutir, entre outros assuntos, a crise na Síria. Ambos reforçam o compromisso de derrubar o presidente Bashar al-Assad, apesar da crescente impopularidade de Erdogan entre os cidadãos turcos
Foto: AP
O governo turco aprova a lei que proíbe a venda de bebidas alcóolicas entre 22h e 6h, o patrocínio de eventos por empresas de bebidas e o consumo de álcool a menos de 100 metros de mesquitas. A lei é aprovada duas semanas após ser proposta, sem que a população tenha sido consultada
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Em resposta à advertência feita por Erdogan contra demonstrações de afeto em público, dezenas de casais organizam um beijaço em uma estação de metrô na cidade de Ankara
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Manifestantes ambientalistas acampam no Parque Gezi para evitar sua demolição. Conforme a manifestação é violentamente contida pela polícia, outros protestos se espalham em outras regiões
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Maio de 2013 - forças de segurança usam gás de pimenta e jatos d'água para dispersar manifestantes. Centenas de pessoas ficam feridas e dezenas são presas. O Ministro do Interior comunica que o uso desproporcional da força por parte dos policiais será investigado
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Junho de 2013 - o primeiro-ministro Erdogan critica as redes sociais , especialmente o Twitter, classificando o microblog como uma ameaça e uma "versão extrema da mentira". Grupos de manifestantes lotam a praça Taksim e há novos confrontos. A mídia pró-governo acusa a rede de TV americana CNN de mostrar a Turquia em estado de guerra civil
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Agosto de 2013 - pessoas formam correntes humanas para pedir paz e intervenção na Síria
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Dezembro de 2013 - escândalos de corrupção envolvendo o primeiro-ministro e seu filho vem à tona, e recomeçam os protestos contra o regime
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Janeiro de 2014 - ligações telefônicas publicadas na internet reforçam as acusações de corrupção contra o primeiro-ministro Erdogan, e o governo ameaça exercer maior controle sobre a rede, dando origem a novas marchas
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Março de 2014 - o Governo bloqueia o Twitter e, depois, o Youtube. Milhares de pessoas participam do funeral de um adolescente morto, que ficou meses em coma depois de ter sido atingido por uma lata de gás de pimenta durante manifestações contra o governo. A população pede a renúncia do primeiro-ministro Erdogan