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Europa

Monsenhor Romero, mártir de uma Igreja ligada aos pobres, beatificado em El Salvador

23 mai 2015 - 14h48
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Oscar Arnulfo Romero, o assassinado arcebispo de San Salvador, foi proclamado beato da Igreja Católica neste sábado, 35 anos após sua morte, em uma cerimônia que reuniu milhares de pessoas.

A cerimônia de beatificação de Romero foi acompanhada por mais de 200.000 fiéis.

"Em virtude de nossa autoridade apostólica proclamamos que o venerado servo de Deus, Oscar Arnulfo Romero Galdámez, bispo, mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica dos reinos de Deus, reino de justiça, fraternidade e paz, de agora em diante se chame beato", proclamou o cardeal Angelo Amato ao ler uma carta do papa Francisco.

Após a declaração, os milhares de espectadores da cerimônia responderam com um prolongado aplauso, enquanto um coral entoava "teu reino é vida, teu reino é verdade".

Imediatamente foi exibido um gigantesco retrato de Romero em meio a gritos de saudações de uma multidão entusiasmada que cantava "vivas" a seu pastor.

Amato proclamou o 24 de março como o dia de celebração da festa de Romero, "o dia em que nasceu para o céu", uma referência à data de seu assassinato.

O então arcebispo foi morto com um tiro no peito em 24 de março de 1980 por um atirador ligado à extrema-direita, depois de clamar por justiça social e o fim da repressão no país.

O assassinato deu início a uma guerra civil de 12 anos que deixou 75.000 mortos. Ninguém foi condenado pelo crime.

"Expresso nosso mais profundo agradecimento ao sucessor do apóstolo Pedro, sua santidade o papa Francisco, pela beatificação do mártir monsenhor Oscar Arnulfo Romero, que derramou seu sangue em defesa da fé", exclamou o arcebispo de El Salvador, José Luis Escobar.

Romero foi chamado de "a voz dos sem voz" por suas denúncias da injustiça social e da repressão que sofria o povo salvadorenho.

Sua morte foi classificada pelo papa Francisco como um martírio "por ódio à fé", o que abriu as portas para sua beatificação.

O papa Francisco afirmou neste sábado que o momento é favorável para uma "verdadeira e própria reconciliação nacional" em El Salvador.

Em uma carta enviada ao atual arcebispo de San Salvador, José Luis Escobar Alas, o pontífice recordou a figura de Romero que, segundo ele, "convida à sensatez e reflexão" e mostra que é necessário "renunciar à violência da espada a do ódio".

"Monsenhor Romero, que construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com sua vida entregue ao extremo", escreveu o papa.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expressou a sua satisfação com a beatificação de Oscar Arnulfo Romero.

"Hoje me uno ao povo de El Salvador e de todo o mundo para receber com satisfação a beatificação do arcebispo Romero", afirma o presidente americano em uma nota oficial da Casa Branca.

Obama afirma que Romero foi "uma figura inspiradora para o povo de El Salvador e de todo o continente americano. Foi um sacerdote inteligente e um homem corajoso".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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