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Mundo

Manifestação com 1,5 milhão pede independência da Catalunha

11 set 2012 - 14h47
(atualizado às 16h21)
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Entre um mar de bandeiras separatistas, um milhão e meio de catalães marcharam nesta terça-feira pelas ruas de Barcelona para pedir sua separação da Espanha, a quem acusam de arrastrar a região pela espiral da crise devido a um sistema fiscal que consideram injusto. "In, Inde, Independência", gritava a multidão enquanto balançavam bandeiras catalãs vermelhas e amarelas decoradas com uma estrela branca sobre um fundo azul.

Manifestantes acenam bandeiras Catalunha durante protesto em Barcelona, na Espanha
Manifestantes acenam bandeiras Catalunha durante protesto em Barcelona, na Espanha
Foto: AP

"O que quer esta multidão? Um novo Estado da Europa. Que quer esta gente? Catalunha independente", gritava em catalão. Coincidindo com a Diada, a festa nacional catalã, a marcha deste ano foi impulsionada pela crise que obrigou esta região do nordeste da Espanha, outrora motor econômico do país, a pedir um resgate de 5,023 bilhões de euros ao governo central, a quem acusam de impor um sistema fiscal injusto.

Horas antes do início da marcha, o presidente regional, o nacionalista Artur Mas, advertiu que a Catalunha buscará uma maior "liberdade" se não conseguir um novo modelo de impostos, que estará sobre a mesa de sua próxima reunião com o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, dia 20 de setembro em Madri.

"Meu objetivo é tentar alcançar um acordo com o governo central no terreno econômico e dar à Catalunha as ferramentas para construir nosso futuro nacional", afirmou Mas. "Contudo, se não há um acordo no terreno econômico, a busca da Catalunha pela liberdade estará aberta", disse. Neste contexto, a manifestação convocada pela plataforma separatista Assembleia Nacional Catalã (ANC) superou todas as expectativas, colapsando o centro de Barcelona.

"Há uma série de fatores que fazem com que eu esteja aqui hoje", afirma Arnau Camí, um estudante de marketing de 21 anos. "A crise mostrou que somos diferentes da Espanha e que só a independência pode nos levar adiante", completou.

"Somos totalmente explorados e o dinheiro de nossos impostos se estanca em Madri", disse Eva García, uma estudante de história também de 21 anos. "É agora ou nunca", afirma María Antonieta Vila, professora aposentada. "Esta sessão é decisiva, devemos pressionar o governo da Catalunha para que peça a independência", diz. Personalidades da vida política, cultural e esportiva catalã participaram da manifestação, como o presidente do FC Barcelona, Sandro Rosell, que o fez "a título pessoal".

Segundo um estudo realizado em julho e publicado pelo diário catalão La Vanguardia, 51,1% dos entrevistados votariam "se" a independência em caso de um referendo, contra 36% em março de 2001. Para Rajoy, o pacto fiscal não resolverá nada e a única via a seguir é a da austeridade para reduzir o déficit orçamentário do Estado e das Comunidades Autônomas as quais Madri impôs um limite de déficit de 1,5% do PIB para este ano.

"Se em algum momento da história recente da Espanha é importante que trabalhemos juntos com um objetivo que é melhorar a prosperidade e o bem-estar dos cidadãos, criar emprego, afrontar esta crise e dar-lhe solução me parece que esse momento é de agora", afirmou Rajoy na terça-feira em Madri.

"Gostaria que todos soubessem que nos é claro e que nos concentráramos no que é realmente importante", afirmou. A Catalunha teve um déficit público de 3,9% em 2011, contribuindo a 8,9% do total do país contra 6% previsto. Rica região do nordeste da Espanha, a Catalunha é agora a mais endividada do país, com 42 bilhões de euros de dívida pública, ou seja, 21% de seu PIB.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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