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Europa

Londres: morte de estagiário após trabalhar 72 h em banco gera polêmica

Jovem de 21 anos foi achado morto no Bank of America supostamente após uma jornada de 72 horas de trabalho

21 ago 2013 - 21h37
(atualizado às 21h44)
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A morte de um estagiário da filial londrina do Bank of America Merrill Lynch motivou apelos para que as empresas locais assumam mais responsabilidades pelos ambiciosos recém-formados que passam dos seus limites na esperança de conseguir um emprego em uma instituição financeira conceituada.

Nos arranha-céus de Londres, Nova York e Cingapura, os futuros "senhores do universo" fazem jornadas de até 20 horas diárias, num ambiente repleto de adrenalina.

Expedientes no fim de semana e refeições no escritório são comuns e há até mesmo a lendária "rotatória mágica" em que os estagiários pegam um táxi para casa ao amanhecer e deixam o veículo esperando na porta de casa enquanto tomam um banho rápido, para então voltarem ao trabalho.

No fim da semana passada, o alemão Moritz Erhardt, 21 anos, foi achado morto no local onde se hospedava durante um estágio de sete semanas, que estava chegando ao fim.

Ele teria trabalhado 72 horas seguidas na divisão de investimentos do Bank of America. A causa da sua morte ainda está sendo investigada por legistas, e o Bank of America disse que só depois disso vai decidir se é o caso de rever seus programas de estágios.

Refletindo a indignação de alguns políticos e de um grupo de apoio a estagiários, um jornal britânico disse que esse tipo de oportunidade para jovens representa uma forma de "escravidão na cidade" e que os bancos devem tomar providências para evitar a exaustão dos seus empregados.

"A exploração da juventude é inaceitável", disse pelo Twitter o comissário (ministro) europeu do Emprego, Laszló Andor.

Ben Lyons, cofundador da campanha Intern Aware, que defende estágios justos e pagos, criticou a cultura dos bancos de investimentos que levam a jornadas de cem horas semanais. Ele disse que os profissionais de recursos humanos, especialmente no setor financeiro, precisam prestar atenção às necessidades dos jovens.

Mas os próprios estagiários duvidam que seja possível mudar essa cultura, pois alegam que nunca receberam ordens explícitas para trabalhar tanto, e que isso é uma imposição própria na busca por um bom emprego.

"As pessoas se pressionam porque querem uma oferta no banco, a chance de uma ótima carreira e de ótimo dinheiro", disse um ex-estagiário de um grande banco dos Estados Unidos, que conseguiu um emprego neste semestre. "Esse é um caminho dourado."

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