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Europa

Líder de partido neonazista grego é preso

28 set 2013 - 08h13
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As autoridades gregas prenderam neste sábado o líder histórico e vários deputados do partido neonazista Aurora Dourada, dez dias após o assassinato de um músico antifascista por um membro deste partido.

A operação coincide com as negociações da Grécia para obter um novo pacote de ajuda para sua economia em crise e a poucos meses do país assumir, em 1º de janeiro, a presidência rotativa da União Europeia.

A polícia antiterrorista grega prendeu no início desta manhã o líder e deputado do Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, fundador do partido em 1980, assim como outros três deputados da formação neonazista (de um total de 18), incluindo seu porta-voz Ilias Kassidiaris.

Segundo fontes judiciárias, a justiça considera o partido uma "organização criminosa". Os detidos também são acusados de violência física e morte.

Doze membros do partido também foram detidos em várias regiões do país. A operação deve conduzir à novas prisões nas próximas horas porque há trinta mandatos de prisão emitidos pela Suprema Corte contra militantes ou deputados do Aurora Dourada.

Em seu site, o partido neonazista convocou uma manifestação para protestar contra uma "decisão ilegal". Algumas centenas de simpatizantes do Aurora Dourada se reuniram em frente às delegacias onde estão os suspeitos.

"A democracia tem seus meios de se defender", advertiu o porta-voz do governo, Simos Kédikoglou, à televisão Skaï, poucos minutos após a prisão.

O assassinato do jovem músico antifascista, Pavlos Fyssas, de 34 anos, na periferia de Atenas por um membro do Aurora Dourada gerou comoção em todo o país.

A polícia grega, acusada de passividade frente ao Aurora Dourada, partido suspeito de estar por trás de ataques contra imigrantes, intensificou nos últimos dias as operações contra os neonazistas.

No início da semana, alguns oficiais da polícia foram suspensos ou demitidos por não investigarem a presença de armas em escritórios da organização neonazista.

Desde a morte do músico, a imprensa grega multiplica suas revelações contra o Aurora Dourada, que teria ligações com empresários e as Forças Armadas, e testemunhas descrevem com precisão o funcionamento da organização.

Paralelamente, a Suprema Corte realiza investigações e reúne provas para caracterizar o Aurora Dourada como "uma organização criminosa".

Dezenas de testemunhas - jornalistas, ex-membros do partido, eleitos, líderes sindicais ou de associações - foram ouvidos pelo tribunal.

A pedido do governo, os juízes reabriram várias investigações sobre mais de trinta crimes imputados a membros do Aurora Dourada nos últimos meses.

Desde outubro de 2011, cerca de 300 casos de abuso e violência contra estrangeiros que vivem na Grécia foram registrados e documentadas pela rede antirracista Dyktio e associações de direitos humanos.

"Estamos satisfeitos que o movimento antifascista e antirracista conseguiram obrigar o primeiro-ministro Antonis Samaras e o ministro da Ordem Pública Nikos Dendias realizar as prisões", reagiu a associação Keerfa, pilar da luta contra o racismo, acusando os dois líderes políticos de "há muito tempo protegerem a ação de neonazistas".

Milhares de gregos manifestaram quarta-feira contra o fascismo no país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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