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Europa

Italianos se envergonham com gafe de Berlusconi

27 mai 2011 - 15h13
(atualizado às 15h50)
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A mais recente gafe internacional de Silvio Berlusconi, na ocasião em que ele se queixou ao presidente dos EUA, Barack Obama, sobre seus problemas com juízes, foi recebida com constrangimento, zombaria e desprezo na Itália nesta sexta-feira. Obama parecia perplexo quando as câmeras de televisão captaram o primeiro-ministro italiano conversando com ele em uma reunião do Grupo dos Oito, na França, e fazendo uma de suas tiradas sobre os juízes que o convocaram para quatro julgamentos simultâneos.

Microfones captaram Berlusconi dizendo a Obama, durante uma pausa na reunião do G8: "Apresentamos uma reforma da justiça que é fundamental para nós. Na Itália, temos quase uma ditadura de juízes de esquerda.." O incidente gerou ampla cobertura negativa da imprensa apenas dois dias antes das eleições locais, no domingo e segunda-feira, nas quais Berlusconi corre o risco de sofrer uma humilhante derrota que poderia marcar o declínio de seu domínio político na Itália.

"O primeiro-ministro claramente perdeu a cabeça", disse o jornal de esquerda La Repubblica, em um editorial de primeira página. Pierluigi Bersani, líder do maior partido da oposição, fez piada, dizendo que Berlusconi devia estar pedindo a Obama para uma ação militar da Otan contra os juízes.

A associação nacional de juízes se enfureceu com as observações. "É muito grave que uma instituição fundamental do Estado seja denegrida diante de um dos mais poderosos chefes de Estado do mundo", disse o líder da associação, Luca Palamara.

Obsessões

Outro líder da oposição, Nichi Vendola, disse que Berlusconi "não tem nada melhor para fazer do que incomodar os líderes mundiais com suas obsessões - os juízes e a esquerda". Berlusconi, 74 anos, não se desculpou sobre a polêmica na sexta-feira, dizendo a jornalistas no final da reunião do G8 que não iria deixar a política até que consiga a aprovação de extensas reformas judiciárias e acabe com a "interferência intolerável" dos promotores.

Ele rejeitou sugestões de que teria prejudicado a campanha eleitoral da centro-direita com o seu desabafo ou envergonhado o país. "É meu dever institucional explicar a situação italiana, incluindo os casos que poderiam minar a credibilidade do líder do país", disse ele em entrevista à imprensa.

Berlusconi disse que juízes de esquerda tentaram perverter a democracia, abrindo 31 casos contra ele em 17 anos, dos quais 24 foram arquivados ou resultaram em absolvição. Antes do primeiro turno das eleições municipais em 15 e 16 de maio, Berlusconi levou à mídia denúncias contra os juízes que ordenaram seu julgamento em três casos de corrupção e um caso em que ele foi acusado de contratar uma prostituta menor de idade marroquina.

Mas desde que sofreu uma grande derrota na votação, quando seu prefeito de centro-direita foi derrotado para o candidato de esquerda em Milão, sua cidade, Berlusconi manteve o silêncio sobre os juízes, percebendo que mesmo seus partidários estavam sendo afetados por seus problemas com a lei.

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