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Europa

Itália vive nova polêmica por "machismo linguístico" na política

7 mar 2015 - 14h41
(atualizado às 14h41)
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A linguagem machista voltou a se tornar objeto de debate e de polêmica na Itália, desta vez em relação à extensão do uso de substantivos femininos para as mulheres que ocupam postos políticos - no país, o tratamento masculino do cargo é usado em qualquer circunstância, o que faz com que uma mulher seja "o ministro" ou "o deputado", por exemplo.

Uma das que clama por mudança neste vocabulário é a linguista Cecilia Robustelli, integrante da Academia della Crusca (equivalente na Itália à Academia Brasileira de Letras). Por ocasião da realização do Dia Internacional da Mulher, ela espera que o país se habitue a "utilizar nomes femininos na política, nas grandes empresas e nas profissões de mais alto prestígio, como na engenharia ou no direito".

"Na Itália há uma tradição muito forte de se usar nomes masculinos para as mulheres", afirmou em referência ao uso exclusivo dos termos "prefeito", "senador", "deputado", "ministro" ou "presidente".

"Prefeita, "senadora", "deputada", "ministra" são os corretos, argumentou Robustelli, explicando que algumas palavras ligadas a cargos permitem a desinência feminina, e outras, o artigo "a", como no caso de "a presidente".

A importância de utilizar os termos femininos é "dar visibilidade às mulheres e lhes atribuir importância também através da linguagem" porque "quando se usa o masculino, se pensa em um homem".

A linguista afirmou que, "finalmente parece que as pessoas começam a usar (termos femininos), deixando para trás o masculino quando são elas que têm o poder".

Robustelli destacou a relevância de utilizar o vocabulário feminino concretamente no âmbito político, porque "a linguagem da política e das instituições é um ponto de referência importante para os cidadãos".

A atual maneira de nomear os cargos no masculino é uma questão de tradição social, mas, ao mesmo tempo, se refere a uma "avaliação estética" que a Academia della Crusca quer combater, segundo a qual "ministra soa pior que ministro".

A proposta encontrou apoio na Câmara dos Deputados por parte de sua presidente, Laura Boldrini, que enviou uma carta a seus colegas políticos para lhes pedir que "mudem a linguagem" e utilizem as declinações femininas.

"Se é uma mulher, se diz ministra, prefeita e assessora. É preciso adaptar a linguagem", afirmou ela para fazer referência à necessidade de adequar o vocabulário parlamentar.

Boldrini disse que "as mulheres têm o direito de serem definidas com respeito às leis de paridade, e não desapropriadas de sua identidade quando cumprem papéis que historicamente estiveram reservados aos homens e permaneceram no machismo".

Ela rejeitou as críticas que apontam que esta linguagem soa incômoda ou pouco prática e alegou que "é necessário desmontar" a ideia de que soa mal dizer "a prefeita" ou "a ministra" enquanto não há problema em se falar "a professora" ou "a camponesa".

"Se deixarmos isso passar, o momento (da mudança) não chegará nunca", advertiu a parlamentar.

EFE   
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