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Europa

Itália vai às urnas em clima de incerteza sobre ingovernabilidade

23 fev 2013 - 13h13
(atualizado às 13h22)
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Cerca de 47 milhões de eleitores deverão ir às urnas no pleito geral de domingo e segunda-feira na Itália para decidir qual será o próximo governo do país, em um cenário que apresenta a centro-esquerda como favorita, mas no qual o ganho de popularidade de Beppe Grillo e Silvio Berlusconi pode levar à ingovernabilidade.

Além desses eleitores, outros 3,5 milhões de cidadãos italianos que vivem em outros países já puderam exercer seu direito de voto por correio.

As favoritas nestas eleições são as mesmas coalizões que protagonizaram o último pleito, tendo como única novidade a entrada na política de Mario Monti, o economista que liderou o governo nos últimos 13 meses após a renúncia de Berlusconi.

De um lado está a coalizão conservadora liderada pelo partido Povo da Liberdade (PdL), que teve que recorrer a Berlusconi - que tinha anunciado o fim de sua carreira política - para evitar o fracasso total no pleito.

Berlusconi volta a concorrer em conjunto com a Liga Norte, apesar da ruptura ocorrida durante o governo de Monti, e com outros partidos de direita.

A centro-esquerda concorre com o líder do Partido Democrata (PD), Pierluigi Bersani, e em aliança com a legenda Esquerda, Ecologia e Liberdade, liderada por Nichi Vendola, que representa a ala mais progressista da coalizão.

Segundo as últimas pesquisas oficiais, divulgadas 15 dias antes do pleito, a coalizão de Bersani dev conseguir de 34% a 38% dos votos, e Berlusconi de 28% a 30%.

De acordo com estes dados, a centro-esquerda conseguirá a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, enquanto no Senado, onde o sistema eleitoral prevê distribuição segundo os resultados regionais, precisará estabelecer alianças.

Aqui entra em jogo o ex-comissário europeu Monti, que apoiado por uma coalizão de movimentos cívicos e partidos centristas pode provocar o desempate no Senado com os 16% que as pesquisas lhe indicam.

Se a coalizão de Bersani não conseguir a maioria na câmara alta, seria criado um caso de ingovernabilidade de complicadas e perigosas soluções, uma delas a de uma nova eleição.

Não se deve desprezar um dos grandes protagonistas destas eleições: Beppe Grillo e seu Movimento 5 Estrelas, que representa o descontentamento popular com a velha política e que ontem foi capaz de encher a praça de São João de Latrão de Roma e a quem pesquisas pontuais mostram como a segunda maior força política do país.

Outro candidato é o magistrado Antonio Ingroia com sua Revolução Civil, que poderia não alcançar os 4% exigidos para ter representação na Câmara dos Deputados, ou 8% no caso do Senado.

Também pesará para o resultado final o bloco dos indecisos, já que 30% dos eleitores ainda não sabem em quem votar. No entanto, quase cinco milhões deles disseram nas pesquisas que irão às urnas.

Os colégios eleitorais abrirão no domingo às 8h locais (4h de Brasília) e permanecerão abertos até as 22h. Na segunda-feira, o hprário de votação será de 7h às 15h.

Nestes dois dias também haverá votação para renovar os governos regionais em Molise, Lombardia e Lácio. Nestas duas últimas regiões administrativas foi preciso convocar eleições antecipadas devido aos escândalos de corrupção.

A corrupção foi uma das protagonistas latentes nesta campanha eleitoral, pois enquanto os candidatos realizavam suas promessas, foi detido Giuseppe Orsial, executivo-chefe do Finmeccanica, grupo industrial com participação do Estado, por pagar subornos para obter um contrato.

Também foi detido Gianluca Baldassarri, gerente do Monte dei Paschi di Siena, que junto com outros diretores havia supostamente se beneficiado de operações como a compra da instituição financeira italiana Antonveneta pelo Banco Santander por 9 bilhões de euros.

A apuração de votos começará na segunda-feira, imediatamente depois do fechamento dos colégios eleitorais.

Os italianos voltarão a votar em um sistema eleitoral de caráter proporcional, mas com um complexo sistema de prêmios de maioria, que embora criticado por todos não foi mudado e ameaça assim fazer com que se repitam os resultados e a instabilidade política que fez o governo de Romano Prodi cair em apenas dois anos (2006-2008).

EFE   
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