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Europa

Itália: Grillo pede votos de Bersani e Berlusconi para formar governo

28 fev 2013 - 16h07
(atualizado às 16h22)
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<p>Depois das eleições, Beppe Grillo disse que apoiaria medidas individuais no Parlamento, mas não daria um voto de confiança a qualquer governo liderado por partidos tradicionais</p>
Depois das eleições, Beppe Grillo disse que apoiaria medidas individuais no Parlamento, mas não daria um voto de confiança a qualquer governo liderado por partidos tradicionais
Foto: Giorgio Perottino / Reuters

O Movimento Cinco Estrelas (M5S) da Itália, liderado pelo comediante Beppe Grillo, desafiou nesta quinta-feira os líderes da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, e da centro-direita, Silvio Berlusconi, a permitirem a posse de um governo do seu partido como saída para a atual situação de bloqueio político.

Transformado em um dos grandes protagonistas do cenário político após as eleições italianas, o próprio Grillo, líder do partido que sozinho conseguiu mais votos na câmara Baixa, foi o encarregado hoje, mais uma vez, de pôr em xeque à classe política através de ataques pela internet.

Grillo divulgou no Twitter a mensagem mais importante de um artigo publicado em seu próprio blog por um colaborador, Claudio Messora, encarregado de desafiar tanto o Partida Democrata (PD) de Bersani, como o Povo da Liberdade (PDL) de Berlusconi. "Se o PD e o PDL estão tão preocupados com a governabilidade, poderiam então votar pela posse do primeiro governo do M5S", afirmou Messora no texto publicado no blog de Grillo, que ontem mesmo se encarregou de dizer um "não" enfático em relação à possibilidade de apoiar o nascimento de um Executivo de qualquer outro partido.

No artigo, o porta-voz do M5S chamou de loucos os integrantes do movimento, entre eles os parlamentares eleitos, que criticaram publicamente a rejeição do comediante em apoiar um governo da centro-esquerda, após terem "combatido" durante anos tanto o PDL como o PD.

"Vocês não podem deixar se enganar e têm que voltar a colocar, com lucidez, cada coisa no seu lugar. Pela sua história e pela natureza radical de suas reivindicações, não podem votar pela posse de um partido que foi corresponsável pelo estado deste país", afirmou.

Esta proposta chega num momento em que a sombra da ingovernabilidade permanece e a sensação de espanto da classe política italiana é inclusive maior, principalmente depois que Grillo afirmou não estar disposto a votar pela posse de um governo dos outros partidos.

Bersani necessita do apoio de Grillo, pelo menos no Senado, para poder ser o próximo primeiro-ministro, já que a sua coalizão de centro-esquerda conta com maioria absoluta na câmara Baixa e o líder do PD prefere evitar um acordo com Berlusconi, que já deu demonstrações de sua disposição para isso.

O espanto é tanto que a figura de Bersani começa a sentir cada vez mais o peso de um resultado eleitoral que ele mesmo definiu como "decepcionante". Apesar de sua coalizão ter sido a mais votada, o líder do PD afirmou que não se sentia vencedor.

A divisão interna no PD é latente, com uma parte que insiste em não fazer acordo com Berlusconi e outra que, após o "não" de Grillo, não vê com maus olhos um novo acordo de emergência nacional com o partido de "il Cavaliere", como aconteceu com o Executivo tecnocrata de Mario Monti.

Esta fórmula foi descartada hoje pelo coordenador organizacional do PD, Nico Stumpo, que disse que sua coalizão levará ao Parlamento suas propostas, entre elas a luta contra a corrupção, a redução do número de parlamentares e uma reforma para gerar mais postos de trabalho.

Em entrevista publicada hoje pelo jornal milanês "Corriere della Sera", o ex-primeiro-ministro Massimo D'Alema apostou que a próxima legislatura terá um caráter constituinte, para realizar grandes reformas com o apoio tanto do M5S e quanto do PDL.

Enquanto isso, o PDL enfrentou novamente nesta quinta-feira uma polêmica relacionada com seu líder, depois que foram divulgadas informações que Berlusconi está sendo investigado pela procuradoria de Nápoles por crime de corrupção e financiamento ilegal de partidos.

Os promotores averiguam o pagamento de 3 milhões de euros ao senador Sergio De Gregorio para deixar seu partido e se juntar ao PDL e por isso citaram Berlusconi e pediram permissão ao Parlamento para investigá-lo, pois possui imunidade parlamentar.

EFE   
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