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Europa

Itália: esquerda vence na Câmara e Berlusconi deve ter maioria no Senado

Senado não tem maioria clara, mas graças ao peculiar sistema eleitoral italiano, o partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi deve ter mais cadeiras

25 fev 2013 - 19h37
(atualizado às 20h10)
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Berlusconi deixa cabina após marcar seus votos em cédula
Berlusconi deixa cabina após marcar seus votos em cédula
Foto: AFP

A Itália se encaminha para uma situação que pode complicar a formação de um novo governo após as eleições gerais de domingo e segunda-feira. A centro-esquerda venceu em número de votos, mas o Senado não tem maioria clara, graças à virada eleitoral alcançada pela coalizão de centro-direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

O peculiar sistema eleitoral italiano voltou a ser protagonista como no pleito de 2006, fazendo com que, apesar de não ter conquistado mais votos, Berlusconi consiga mais cadeiras no Senado e dificulte um governo de centro-esquerda. Com participação de 75,17%, inferior em 5,33 pontos à do pleito de 2008, as primeiras eleições gerais realizadas no inverno na República da Itália fizeram nascer com força a antipolítica do comediante Beppe Grillo no Parlamento, que se situa como o segundo partido mais votado, além da perda de força do tecnocrata Mario Monti.

Após 13 meses de medidas de austeridade aplaudidas por Bruxelas, Monti não passa do quarto lugar na apuração até agora e ficou abaixo das expectativas. Com mais de 90% das seções eleitorais apuradas para o Senado, a centro-esquerda de Pier Luigi Bersani, a quem todas as pesquisas apontavam como favorito, conseguiu a vitória em número e percentagem de votos, com 31,79%.

Favorito nas pesquisas, Pier Luigi Bersani (dir.), do Partido Democrático, votou em Piacenza
Favorito nas pesquisas, Pier Luigi Bersani (dir.), do Partido Democrático, votou em Piacenza
Foto: AFP

Atrás, e não tão distante, ficou Berlusconi, que, após ter saído da cena política ao renunciar em novembro de 2011, retornou para liderar a lista de sua coalizão no Senado, permitindo uma recuperação da centro-direita que acabou se confirmando hoje, com 30,57% dos votos neste plenário.

Em terceiro lugar está o Movimento 5 Estrelas de Grillo, com 23,75%, a segunda percentagem maior por si só de um partido, depois do Partido Democrata de Bersani; e, apenas em quarto lugar, aparece Monti, com 9,16% dos votos.

O resultado do Senado é fundamental pela peculiaridade do sistema eleitoral italiano, que dá o prêmio da maioria à coalizão vencedora em uma distribuição região por região, com territórios como o da Lombardia, habitual reduto da centro-direita, que fornece quase 50 senadores.

Com quase 90% das seções eleitorais apuradas, a coalizão de Berlusconi leva o prêmio da maioria da Lombardia, com 37,8% dos votos, contra 29,73% da centro-esquerda de Bersani. Este resultado, junto aos de outras regiões, arma um cenário no qual, com um total de 315 membros eleitos, a centro-esquerda conseguiria 104 cadeiras no Senado, frente às 123 da centro-direita de Berlusconi, as 17 de Monti e as 57 de Grillo.

Boca de urna aponta liderança da centro-esquerda na Itália:

Com uma maioria absoluta cifrada em 158 senadores, Bersani necessitaria buscar aliados e nem com os senadores de Monti conseguiria maioria, o que pode traduzir-se em um bloqueio neste plenário. É pouco provável que a antipolítica defendida por Grillo esteja disposta a pactuar com os partidos tradicionais.

Já em 2006, o governo de centro-esquerda de Romano Prodi que saiu das urnas viveu uma situação instável (durou apenas cerca de dois anos), com um Senado no qual tinha maioria graças ao apoio dos senadores vitalícios. Diante desta situação de ingovernabilidade, um dos palcos que mais temiam os sócios europeus da Itália, terceira economia da zona do euro, há vozes de diferentes frentes políticas que já cogitam a possibilidade de formar um governo de união nacional para reformar o sistema eleitoral e voltar às urnas depois.

Na Câmara dos Deputados, por outro lado, Bersani tem maioria clara com a centro-esquerda, graças ao sistema de distribuição em termos do conjunto do Estado do prêmio à coalizão mais votada, que, com quase 85% dos votos apurados, alcança 30,06%. Atrás ficam a centro-direita de Berlusconi, com 28,71%; o Movimento 5 Estrelas, que em suas primeiras eleições legislativas obtém sozinho 25,41%, e a coalizão de Monti, com 10,61%.

EFE   
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