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Europa

Itália enfrenta impasse político após eleições

25 fev 2013 - 21h37
(atualizado às 21h39)
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Os inesperados resultados das eleições legislativas na Itália ameaçam a governabilidade da terceira economia da Europa, com um Parlamento sem maioria definida e dependente do irreverente líder anti-sistema Bepe Grillo.

O líder da coalizão de esquerda, Pier Luigi Bersani, estimou nesta segunda-feira que o país enfrenta uma "situação muito delicada".

"A esquerda conquistou a Câmara de Deputados e, por número de votos, o Senado. É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani ao destacar que o complexo sistema eleitoral ameaça a governabilidade.

O Partido Democrático de esquerda conquistou a Câmara de Deputados, mas a situação indecisa no Senado, após a apuração de quase 90% dos votos, antecipa um panorama difícil, sem maioria definida.

"O resultado será administrado tendo em conta os interesses da Itália", afirmou Bersani.

O comediante Beppe Grillo, líder do movimento Cinco Estrelas (M5S), segunda força política após as legislativas, afirmou na noite desta segunda-feira que seu partido cumprirá todas as promessas de campanha.

"Seremos uma força extraordinária. Faremos o que foi prometido: estabelecer um salário de cidadania (mínimo) e não esqueceremos ninguém".

"Seremos 110 no interior" do Parlamento, entre o Senado e a Câmara, "e vários milhões do lado de fora".

"Esta é uma guerra de gerações", disse Grillo, taxado de populista por seus adversários por fazer promessas que não poderá cumprir diante da difícil situação econômica na Itália.

Grillo reafirmou sua promessa de pagar um "salário de cidadania" mensal de 1.000 euros para as pessoas sem emprego e sem recursos, além de reduzir os impostos sobre as pequenas empresas.

O Cinco Estrelas bateu a coalizão de direita do ex-premier Silvio Berlusconi, obtendo a segunda posição na Câmara e com possibilidade de liderar no Senado.

Grillo afirmou que "entregar a Itália nas mãos de Berlusconi seria um crime contra a galáxia".

O jornal La Stampa destaca que a Itália "elegeu o Parlamento mais ingovernável da nossa história".

"O Parlamento está bloqueado e nenhum partido alcançará a maioria na Câmara dos Deputados ou no Senado. Isto é um choque", afirma o diretor do influente jornal Corriere della Sera, Ferruccio de Bortoli.

A coalizão de centro-direita liderada por Silvio Berlusconi não obteve a maioria, o que também ocorreu com a aliança de centro liderada pelo tecnocrata Mario Monti.

"Estão acabados, tanto a esquerda como a direita. Bersani e Berlusconi ficaram 25 anos e levaram o país à catástrofe. Eles são o problema", disse Grillo.

Segundo resultados parciais, o movimento de Grillo surge como a segunda força política do país, entre o Partido Democrático, de Bersani, e o Povo da Liberdade, de Berlusconi.

Devido à complexa lei eleitoral italiana, a esquerda não obterá a maioria no Senado, em função dos resultados regionais.

A coalizão do atual chefe de governo, Mario Monti, aparece apenas na quarta posição, com 10% dos votos, sendo a grande derrotada nas eleições.

"A Itália deve ter um governo transparente, que trabalhe bem e não prejudique os sacrifícios feitos pelos italianos para resolver os problemas do país", declarou Monti sem falar de sua participação em um futuro governo.

O tecnocrata sofreu as consequências das medidas de austeridade impostas durante seus 15 meses de governo para tirar a Itália do abismo econômico.

A indefinição política é o pior cenário para a Itália, acossada pela crise econômica e a recessão. A instabilidade na terceira economia da zona do euro ameaça ainda desatar uma nova crise da dívida.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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