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Europa

Istambul continua em pé de guerra após longa madrugada de protestos

16 jun 2013 - 13h28
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Os manifestantes antigoverno em Istambul continuam em pé de guerra, com novos protestos após uma longa noite de confrontos com a polícia, que mantém a praça Taksim e o parque Gezi fechados e com dezenas de trabalhadores apagando as marcas do símbolo da onda de protestos.

Enquanto na praça os jardineiros trabalhavam nos jardins floridos, no parque eram retiradas as tendas e barracas que acolheram durante quase três semanas os "çapulcu", os indignados turcos que começaram defendendo uma zona verde para evitar a construção de um centro comercial e que acabaram pondo em xeque o governo turco.

Nos acessos à praça Taksim ainda é possível sentir o cheiro do gás-pimenta usado pelas forças de segurança ontem para dispersar os manifestantes que ocupavam o parque Gezi, que fica próximo.

Até quase o amanhecer, em diferentes pontos da cidade, ocorriam choques entre policiais e milhares de pessoas que, inteiradas da expulsão de manifestantes do parque, fizeram uma passeata em sinal de protesto.

"Só jornalistas e agentes", explicou à Agência Efe um dos centenas de policiais que formam os cordões de isolamento nas entradas da praça.

A circulação pela praça, na qual há vários hotéis, está inclusive restringida para os turistas, embora um trabalhador de um estabelecimento com entrada pela Taksim tenha afirmado que seus hóspedes não estão tendo problemas.

O zelo das autoridades para evitar que Taksim volte a se encher de manifestantes chegou ao ponto de elas advertirem a quem entrar no local que será aplicada a elas a legislação antiterrorista.

"A partir deste momento, qualquer pessoa que estiver lá, infelizmente, terá que ser considerada pelo Estado como membro de uma organização terrorista", alertou em uma entrevista à televisão o ministro de Assuntos Europeus, Egemen Bagis.

O ministro pediu que voltem para casa "todos os cidadãos que apoiavam estas ações", em referência aos protestos na praça Taksim e no parque Gezi, segundo declarações recolhidas pelo jornal turco "Hürriyet".

Na manhã de hoje, perto do luxuoso hotel Divan, agentes dispararam jatos d'água contra pessoas que estavam às suas portas, e em outro estabelecimento hoteleiro, o Ramada, foram detidos médicos que estavam atendendo feridos durante os confrontos com a polícia, segundo o jornal "Milliyet".

Na principal rua comercial da cidade, a Istiklal, os agentes usaram gás lacrimogêneo para impedir que um grupo de manifestantes chegasse à praça e bloquearam os acessos com tanques.

Nestes choques houve cenas de pânico, com muita gente correndo e policiais disparando balas de borracha, além de um agente lançando gás lacrimogêneo contra um jovem que tinha caído no chão após ser atingido pelos projéteis.

Antes mesmo destes confrontos, a normalmente movimentada via estava tomada pela polícia e com um muito menos transeuntes e atividade comercial que em qualquer domingo.

Mas não só os que se opõem ao governo estão se fazendo sentir em Istambul. O partido governamental, o islamita moderado AKP, realiza hoje na cidade um comício ao qual devem comparecer dezenas de milhares de pessoas para mostrar seu apoio ao primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.

EFE   
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