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Europa

Irlanda, o primeiro país que legalizou o casamento gay em referendo

16 dez 2015 - 21h11
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A Irlanda tornou-se em 2015 o primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo após consultar a população em um referendo.

Na votação realizada em 22 de maio, 62,07% dos eleitores disseram "sim" a uma proposta do governo de Dublin de coalizão entre democratas-cristãos e trabalhistas que propunha formalizar este tipo de união e reconhecê-la na Constituição.

Parte dos 37,93% dos votos pelo "não" foram articulados por uma parcela da sociedade de um país onde a Igreja Católica tem poder e influência, sobretudo entre os mais velhos e os setores mais conservadores.

Durante a campanha, os contrários ao casamento gay eram compostos por pequenos grupos anti-aborto, ultraconservadores e alguns senadores e deputados independentes, assim como pela cúpula católica, enquanto alguns sacerdotes críticos pediram o "sim".

A proposta do governo de Dublin contou com o apoio de todos os partidos políticos nacionais, dos principais veículos da imprensa, dos sindicatos e da patronal, assim como de muitas celebridades, artistas e atletas.

O voto jovem acabou sendo decisivo para aprovar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo por uma cômoda maioria no referendo.

Da Austrália, do Canadá, do vizinho Reino Unido e de muitos outros lugares, milhares de estudantes e jovens trabalhadores irlandeses espalhados pelo exterior chegaram à ilha durante esses dias para participar de um histórico dia de votação, que contou com a participação de 60,52% do eleitorado de um país de pouco mais de quatro milhões de habitantes.

Com seus celulares, a juventude irlandesa monopolizou as redes sociais para destacar a enorme importância do referendo e apoiar o processo de liberalização que atravessa o país.

A homossexualidade foi despenalizada na Irlanda há apenas 22 anos, e não por decisão governamental, mas por iniciativa de um ativista que recorreu aos tribunais europeus. Pouco mais de duas décadas depois, a esperada fotografia do primeiro casal do mesmo sexo que se casava ficou pronta em 17 de novembro.

Os irlandeses Richard Dowling, advogado, e Cormac Gollogly, bancário, ambos de 35 anos, disseram "sim, aceito" em uma discreta cerimônia civil realizada na cidade de Clonmel, no condado de Tipperary, no sul da Irlanda.

Ambos já tinham recorrido à legislação anterior para casar de acordo com a lei de Relações Civis de 2010, que, pela primeira vez no país, concedia reconhecimento legal aos casais do mesmo sexo, mas não classificava essas uniões como "casamento" protegido pela Carta Magna.

As celebrações seguintes à vitória do "sim", cujas imagens deram a volta ao mundo, e a foto do casamento de Richard e Cormac confirmaram, como tinha ressaltado o governo de Dublin, que a Irlanda experimentou uma autêntica "revolução social".

Uma transformação que talvez não tivesse sido possível sem os erros cometidos pela própria Igreja Católica, cujo prestígio e influência caiu durante a última década com a revelação de inúmeros casos de abuso sexual cometidos contra menores por sacerdotes, que, em muitos casos, foram protegidos por seus superiores.

EFE   
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