Hollande defende atuação em Mali: terroristas serão destruídos
O presidente da França, François Hollande, disse nesta terça-feira que apesar dos riscos que a intervenção em Mali pode representar para os três reféns franceses no país africano a "única solução" para impedir o avanço dos grupos salafistas armados era atuar. Hollande disse ainda que quando forças francesas encontrarem terroristas em sua ofensiva em Mali, têm como missão "destruí-los, capturá-los quando for possível".
"Penso a cada dia nos sequestrados, mas considerei que a intervenção era a única solução. Faremos tudo para que possam ser libertados. Aqueles que o sequestraram devem refletir. Ainda se está em tempo de soltá-los para suas famílias", disse Hollande em Abu Dhabi, onde está participando da VI Cúpula Mundial da Energia do Futuro.
Dois dos sequestrados, Serge Lazarevic e Philippe Verdon, foram capturados em novembro de 2011 durante uma viagem de negócios em Mali. A autoria da ação foi reivindicada pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI). O terceiro, Gilberto Rodriguez Leal, foi tomado como refém em novembro de 2012 em uma zona próxima às fronteiras com o Senegal e a Mauritânia e está em mãos do Movimento pelo Monoteísmo e a Jihad na África Ocidental (MYAO), um dos que controlam o norte de Mali.
Defesa e ataque
"Se formos atacados nos defenderemos", insistiu o chefe de Estado, que acrescentou que "se for possível capturá-los, será feito" e que as autoridades do Mali já tomaram como prisioneiros alguns desses rebeldes salafistas.
O mandatário francês explicou que, em seu apoio ao exército malinês, a França é "parte envolvida" no combate por frear o avanço salafista e justificou sua estratégia pelo fato de que esses terroristas não querem "deixar de cometer atentados, abandonar as armas ou sair de Mali, porque muitos são de fora".
O presidente deixou claro que Paris não procura ser o "gendarme da África", e que os africanos devem ser seus "próprios defensores e garantir sua segurança", mas destacou que a França é um país amigo, que atua a pedido do presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, e dentro da legalidade internacional.
"Se não tivéssemos assumido nossa responsabilidade na sexta-feira, quem sabe onde o Mali estaria hoje, levando em conta o que sabemos hoje sobre seus recursos e suas intenções", disse na entrevista coletiva. Aos veículos de imprensa franceses e internacionais, enfatizou, no entanto, que a França não tem intenção de ficar e que "toda a Europa deve dar seu apoio" à força africana que está destinada a assumir para garantir a integridade territorial desse país.
Hollande agradeceu, ainda, pelo apoio político e logístico recebido e afirmou que na cúpula que as autoridades dos Emirados Árabes Unidos mostraram disposição em colaborar, com uma ajuda que, à espera da formação dessa força africana, "tomará qualquer modalidade que for útil: humanitária, financeira e, eventualmente, militar".
Ao fato de que a Argélia está permitindo sobrevoar sem limite seu espaço aéreo se somou, disse, que o Marrocos tenha tomado uma medida semelhante e que a Mauritânia tenha decidido fechar sua fronteira com o Mali. "Todos os países se mostraram solidários, convencidos de que tomamos a decisão certa porque temos capacidade de intervir", resumiu Hollande, que afirmou que na conferência de doadores que será organizada "em breve" se detalhará a ajuda adicional dirigida a Mali.
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, por sua vez, defendeu em Paris a intervenção, perante os deputados, e assegurou que o contingente francês no país se reforçará nos próximos dias e que, a partir da semana que vem, contará já com forças de outros Estados africanos. Lembrou que uma missão avançada do Estado-Maior da força de intervenção africana já se encontra em Bamaco e que vários países da África Ocidental prometeram fornecer soldados ao contingente.
Fontes do Ministério da Defesa indicaram que a França pode chegar a 2.500 soldados no país africano. O chefe do governo acrescentou que desde o primeiro ataque, na sexta-feira passada, foi possível "frear a ofensiva" dos terroristas islâmicos que controlavam o norte do país, divididos em três grupos, e que a determinação francesa "está sendo total e deve conseguir rapidamente resultados significativos".
Com informações de agências internacionais