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Europa

Hollande aposta no crescimento e nas políticas sociais

6 mai 2012 - 19h33
(atualizado às 19h43)
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O socialista François Hollande ganhou as eleições presidenciais francesas deste domingo com um programa baseado no estímulo ao crescimento, na reforma do tratado europeu de austeridade, e em políticas sociais, como a contratação de milhares de professores.

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Hollande já anunciou que, se ganhasse o segundo turno contra o conservador Nicolas Sarkozy, viajaria para Berlim para exigir da chanceler alemã, Angela Merkel, uma reforma do tratado assinado no início de março para introduzir medidas de reativação econômica que sejam um contrapeso as de rigor já adotadas.

A mudança do estatuto do Banco Central Europeu (BCE) para que possa emprestar diretamente aos países, a criação dos eurobonos para financiar grandes projetos de futuro e a reforma do Banco Europeu de Investimentos (BEI) para que possa arrecadar uma taxa sobre as transações financeiras, são outras de suas propostas.

Com essas medidas, Hollande espera reativar a economia europeia e, consequentemente, a francesa, o que lhe permitirá financiar sua política social sem fazer explodir o déficit público, que se comprometeu a equilibrar em 2017, um ano mais tarde que Sarkozy.

O candidato socialista baseou sua campanha na juventude e para ela estão dirigidas duas das principais medidas de seu programa. A contratação de 60 mil docentes pretende atenuar a redução de funcionários nesse setor do último quinquênio, no qual o presidente em fim de mandato não substituiu metade dos que se aposentaram.

Junto a isso, Hollande propôs o chamado "contrato de geração", que fomenta o emprego de jovens para associá-los aos especialistas à beira da aposentadoria a fim de que lhes transmitam seus conhecimentos, em troca de isenções fiscais para a empresa. Outra fonte de financiamento passa por uma reforma da política fiscal destinada a taxar as rendas mais elevadas, com a intenção que tributem com 75% aqueles que ganhem mais de 1 milhão de euros por ano.

Em matéria energética, Hollande propôs reduzir paulatinamente o peso da vertente nuclear na produção elétrica da França, para que antes de 2025 passe do 75% atual para 50%. Porém, perante a polêmica gerada por esta notícia em um país consciente que a energia atômica reduz sua fatura elétrica, o político socialista indicou que só pensava em fechar uma central no primeiro mandato, a mais antiga do país, a de Fessenheim, no leste da França.

Para substituir à energia nuclear, Hollande propõe aumentar o peso das renováveis, que quer desenvolver com créditos e subvenções. Além disso, com o objetivo de melhorar o poder aquisitivo dos franceses, Hollande quer congelar durante três meses os preços dos combustíveis.

Em matéria social, Hollande é favorável à legalização do casamento gay, inclusive à possibilidade que os casais do mesmo sexo possam adotar crianças, e à eutanásia. Hollande aposta também em outorgar o direito de voto nas eleições municipais aos estrangeiros residentes legalmente na França. Além disso, é partidário da luta contra a imigração ilegal e da regularização individualizada segundo critérios objetivos.

O candidato socialista não parou de repetir que exercerá "uma presidência normal", para diferenciá-la da "hiperatividade" que reprovava em Sarkozy. Entre as medidas que pretende adotar para "normalizar" o cargo está a menor intervenção nos assuntos do governo, que delegará ao primeiro-ministro, e a "moralização" da vida pública. Para isso, Hollande propõe reformar o estatuto penal do presidente, que poderá ser julgado pelos delitos cometidos antes de chegar ao Palácio do Eliseu.

Além disso, se compromete a proibir que uma mesma pessoa acumule dois cargos públicos, uma prática habitual na França, onde um ministro, por exemplo, pode também ser prefeito ao mesmo tempo.

EFE   
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