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Europa

Histórico caso contra máfia leva Estado italiano a julgamento

27 mai 2013 - 20h07
(atualizado às 23h00)
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Mafiosos sicilianos e autoridades italianas de primeiro escalão - ex e atuais - começaram a ser julgados nesta segunda-feira sob a acusação de terem negociado secretamente o fim de uma série de atentados a bomba cometidos pelo crime organizado no começo dos anos 1990.

O julgamento decorre de um período obscuro e tumultuado da história italiana recente, quando as investigações de corrupção do caso "Tangentopoli" abalaram as instituições políticas, mais ou menos na mesma época em que atentados da máfia mataram 21 pessoas.

Promotores disseram que os atentados pararam em 1994 graças a um acordo mediado pelo ex-senador Marcello Dell'Utri.

O julgamento ocorre num "bunker" de Palermo e seu início coincide com o 20o aniversário de um atentado a bomba perto da Galeria degli Uffizi, em Florença, que matou cinco pessoas, inclusive um recém-nascido.

Promotores alegam que políticos e policiais importantes negociaram com a máfia siciliana depois que o juiz Giovanni Falcone, a mulher dele e três guarda-costas foram mortos na explosão de uma bomba em um bueiro, em 1992.

O fato de o Estado se mostrar disposto a negociar depois da morte de Falcone estimulou outros atentados, dizem os promotores, e também motivou o assassinato do promotor Paolo Borsellino, que supostamente teria ficado sabendo das negociações.

Em troca de interromper os atentados, a máfia siciliana exigia penas mais leves e condições carcerárias mais benignas para criminosos condenados.

"O Estado não pode varrer suas responsabilidades para debaixo do tapete", disse o promotor Antonino di Matteo a jornalistas antes da audiência desta segunda-feira.

O ex-ministro do Interior Nicola Mancino está sendo processado por falso testemunho, e outras nove pessoas, incluindo Dell'Utri, respondem por tentativa de chantagear o Estado. Todos os dez réus negam irregularidades.

Também estão sendo processados quatro supostos mafiosos.

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