PUBLICIDADE

Europa

Hino da Revolução dos Cravos revive para criticar atual política portuguesa

24 fev 2013 - 13h34
Compartilhar

O hino da Revolução dos Cravos de 1974, "Grândola, Vila Morena", voltou à cena quase 40 anos mais tarde como canção de protesto dos indignados portugueses, que a entoaram para criticar membros do governo e denunciar suas duras políticas de austeridade.

Passada a meia noite do dia 25 de abril de 1974, "Grândola, Vila Morena", composta por Zeca Afonso, foi tocada na Rádio Renascença. Foi o sinal que deu início ao movimento revolucionário liderado por militares que trouxe a democracia a Portugal e acabou com quase 50 anos de ditadura.

Quase quatro décadas depois, os indignados portugueses, cansados do alto índice de desemprego (17%) e das desalentadoras perspectivas econômicas, a recuperaram para pedir uma mudança social, econômica e política semelhante à da revolução de 1974.

Desde que no último dia 15 várias dezenas de pessoas forçaram a interrupção do discurso pronunciado no Parlamento pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, ao cantar "Grândola", esta inesperada e original ação se propagou de forma viral.

"Foi um protesto para lembrar aos senhores deputados que 'povo é quem mais ordena", declarou então à imprensa uma porta-voz daquela ação, Paula Gil, em alusão a um verso da canção, gravada na França em 1971.

Nos últimos dias, pelo menos quatro ministros foram alvo do mesmo protesto, que em alguns casos acabou de forma mais acalorada embora sem incidentes graves.

O governo português teve que reagir nesta semana para advertir que "não se deixará condicionar" pelos protestos populares, cujo auge aconteceu em um recente discurso do ministro adjunto e de Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que acabou sofrendo empurrões.

"Cada vez que um português encontrar um ministro, um secretário de Estado ou um banqueiro na rua, cante Grândola", diz uma das frases de ordem do movimento "Que se lixe a troika", propulsor de várias destes protestos.

As duras políticas de ajuste iniciadas pelo governo conservador em troca do resgate concedido a Portugal pela 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) estão precisamente na origem deste surto de indignação.

Para os manifestantes, "Grândola", que fala sobre a fraternidade entre os moradores da cidade homônima do Alentejo, representa uma pacífica chamada de atenção ao poder político e financeiro e um grito de solidariedade para os 10,5 milhões de habitantes de Portugal.

"Os portugueses têm o direito e inclusive o dever de se manifestar livremente pela situação à qual o país chegou", declarou recentemente o líder da principal força de oposição em Portugal, o Partido Socialista (PS), Antonio José Seguro, que alertou para o risco de "iminente de ruptura social".

Os analistas avisaram que o agravamento da crise econômica - o PIB luso continuará em queda em 2013 - pode complicar ainda mais a situação do país, considerado um dos mais pacíficos da Europa.

No entanto, Passos Coelho mandou de Viena uma mensagem tranquilizadora: "O comportamento dos portugueses é quase exemplar e bastante maduro em vista das dificuldades que vivemos".

EFE   
Compartilhar
Publicidade