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Europa

Governo alemão ativa plano de apoio às vítimas de pedofilia

23 abr 2010 - 15h51
(atualizado às 16h37)
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O governo alemão ativou nesta sexta-feira seu plano de apoio às vítimas de pedofilia, diante do alarme social pelos escândalos de abusos tanto em instituições eclesiásticas quanto em centros laicos e na busca de soluções a complexos casos judiciais, pois os crimes frequentemente já prescreveram.

"Muitos desses crimes terão prescrito, mas a responsabilidade de auxiliar a suas vítimas não prescreve", declarou a ministra da Família alemã, Kristina Schröder, ao abrir as sessões da mesa de trabalho criada para o esclarecimento das centenas de casos de pedofilia revelados nos últimos meses em todo o país. A mesa de trabalho reúne três ministras da chanceler Angela Merkel - a de Justiça, Sabine Leutheusser-Scharrenberger, a de Educação, Annette Schavan, além de Kristina.

Também fará parte a ex-ministra Christine Bergmann, titular da Família no governo de Gerhard Schröder e que agora é encarregada especial do governo. O grupo, com um total de 61 membros, será formado por representantes da Igreja, médicos, docentes e juristas, com o objetivo de reunir um espectro o mais amplo possível para enfrentar um problema que feriu a credibilidade das instituições religiosas, especialmente as católicas.

A mesa, formada nesta sexta, iniciará suas sessões de trabalho em maio com a intenção de apresentar um catálogo de medidas preventivas e também ajudas concretas às vítimas antes do fim do ano. Os âmbitos são diversos e os objetivos de cada ministra envolvida são diferentes. A de Justiça focará em possíveis indenizações às vítimas. Já as titulares de Educação e de Família farão um trabalho de prevenção.

A encarregada de coordenar os grupos de trabalho e campos de atuação será Christine, que, além disso, dirigirá as consultas e serviços de assistência colocados à disposição das vítimas. Até o momento não há um cômputo claro de vítimas, já que desde a revelação do primeiro escândalo - no final de janeiro, em uma escola de Berlim - houve uma divulgação quase diária de outros casos.

Trata-se, na maioria dos casos, de abusos cometidos nos anos 70 e 80 e para os quais não há investigação possível, já que os crimes prescrevem depois de dez anos. No entanto, há casos mais recentes, cometidos nos anos 90 ou posteriormente. Além dos abusos sexuais, foram revelados casos de violência física nas escolas, cujo caso mais flagrante, até agora, gerou a renúncia, ontem, do bispo de Augsburgo, Walter Mixa, após admitir que maltratou fisicamente crianças de uma residência infantil na Baviera.

Mixa colocou seu cargo como bispo e bispo militar do exército alemão à disposição do papa Bento XVI em carta pessoal enviada ao Vaticano, semanas depois do surgimento das primeiras suspeitas sobre seus castigos físicos a menores. Ambas as questões feriram a confiança dos alemães no papa e na Igreja Católica, que conta com 25 milhões de fiéis na Alemanha.

Segundo uma enquete da rede de televisão pública ZDF, 82% dos alemães considera que a Igreja Católica não adotou as medidas pertinentes frente à pedofilia e apenas 12% acredita que a instituição atuou com a devida contundência.

EFE   
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