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Europa

França inicia expulsão de 700 ciganos para Romênia e Bulgária

17 ago 2010 - 15h55
(atualizado às 16h22)
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A França prevê a repatriação, "antes do fim do mês", de 700 ciganos em situação irregular para Romênia e Bulgária no âmbito do plano de retorno voluntário a seus países de origem, dos quais 79 partirão na quinta-feira, uma decisão que acentua a polêmica pela política de segurança do governo.

Setenta e nove ciganos, que aceitaram abrigar-se em um plano de ajuda ao retorno voluntário de 300 euros por adulto e 100 euros por menor, serão repatriados na quinta-feira da França para Bucareste, anunciou esta terça-feira o ministro francês da Imigração, Eric Besson. Trata-se, segundo ele, do 25º voo deste tipo desde o início do ano rumo a Romênia e Bulgária.

O ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, anunciou por sua vez esta terça-feira, que 51 acampamentos ilegais de ciganos haviam sido desmantelados este verão (boreal) em toda a França. Segundo ele, há 600 acampamentos ilegais no país. "No total, 700 ciganos serão levados a seu país até o fim do mês" em avião, aunciou o ministro, afirmando que os voos estavam previstos para a quinta-feira e 26 de agosto, e um terceiro "para o final de setembro".

Em 2009, 44 voos deste tipo foram organizados e 10 mil romenos e búlgaros foram levados para seus países, segundo as autoridades francesas que reconhecem, no entanto, que as pessoas expulsas, membros da União Europeia, poderiam voltar à França sem visto e permanecer três meses sem justificação. "Mas não poderão permanecer em situação irregular e menos receber ajuda para o retorno voluntário", disse Eric Besson. Além disso, devem ter emprego, estudar ou ter recursos suficientes.

Quatrocentas mil pessoas, 95% delas francesas, fazem parte da comunidade cigana na França. O restante é formado por ciganos de origem búlgara, romena e de outros países dos Bálcãs, cujo número aumenta constantemente, segundo o governo. Calcula-se que haja 15 mil ciganos em situção irregular na França.

Além destas expulsões em série, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que acaba de intensificar a luta contra a insegurança, disse recentemente que queria tirar a nacionalidade francesa dos criminosos de origem estrangeira. A ONU criticou severamente a França por estabelecer uma relação entre imigração e insegurança. Na França, o governo de direita foi acusado pela esquerda de promover um "racismo de Estado".

"Esta política da humilhação dá uma visão degradante da ação pública. A França não é um país racista. Mas ao ativar as pulsões do racismo, o Executivo ridiculariza nossos princípios e nossos valores", destacou esta terça-feira o jornal Le Monde. Mas não apenas a oposição, algumas vozes da maioria também começam a criticar a política de segurança de Sarkozy.

Um deputado da União por um Movimento Popular (UMP, no poder), disse várias vezes que a expulsão de ciganos é "horrorosa" e condenou "os métodos que lembram as prisões coletivas durante a (Segunda) Guerra". Outro deputado da UMP, Bernard Debré, ressaltou esta terça-feira que não se pode estabelecer uma relação direta entre insegurança e imigração. "Há terroristas franceses, há criminosos franceses", lembrou.

Apesar de consultas contraditórias, o governo está convencido de que todo este tema fortalece Sarkozy frente às eleições presidenciais de 2012, após o escândalo político-financeiro dos últimos meses, protagonizado pelo ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, que respinga no próprio presidente.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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