França: favorito, Hollande busca ser a antítese de Sarkozy

O candidato socialista à presidência da França, François Hollande, pode ser definido como a antítese do atual presidente, Nicolas Sarkozy. Além das divergências políticas, Hollande ambiciona se tornar um presidente amável e consensual e se afastar da imagem de estadista centralizador e personalista, mantida por Sarkozy.

Mesmo sem indicação formal, Hollande percorre a França há dois anos (veja fotos da campanha eleitoral na França) buscando trabalhar a sua imagem e candidatura. O homem afável quer se mostrar forte e "tenaz", sua principal qualidade, de acordo com seu amigo, o ex-ministro Michel Sapin.

François Hollande afirma que será a "pessoa que pode mudar o país", uma velha democracia considerada "maltratada" pelo exercício brutal do poder do presidente, que é descrito por ele como "hiperpresidente". Em contraposição, Hollande quer ser um presidente "normal". No plano moral, quer "que a ação do Estado volte a ser exemplar" e critica a "tendência personalista" e de "exposição permanente" do atual presidente.

Favorito destacado para levar as eleições no segundo turno, em seus últimos discursos e entrevistas Hollande já vem adotando um tom presidencial, apesar tentar evitar o triunfalismo de antecedência e afirmar que "imaginar uma eleição já ganha seria um fracasso político, e até mesmo moral". "Assumo que estou pronto para presidir a França. Os membros de minha equipe também estão, os primeiros textos já foram finalizados. Não se trata de uma antecipação, mas de um dever", disse, no último domingo.

Aos 57 anos, nascido em uma família burguesa da província de Rouen, no noroeste do país, estudou na ENA, uma prestigiada escola de ensino superior e berçário da elite política francesa. Lá conheceu a que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal, que foi a candidata socialista à presidência em 2007. Acusado por opositores de não ter experiência para assumir o cargo, Hollande já foi prefeito, deputado e presidente do Departamento de Corrèze.

Hollande surgiu como alternativa real para a presidência francesa após o ex-presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, ser preso em Nova York sob a acusação de agressão sexual e se envolver em um escândalo que culminou com o sepultamento de suas credenciais políticas. A partir dali, Hollande iniciou sua disparada nas pesquisas, que o colocam como provável vencedor ante Sarkozy no segundo turno.

Pró-Comunidade Europeia, Hollande tem como carro-chefe a promessa de reforma tributária e justiça social. "Não se impressione por nada", diz aos seus partidários, para os quais o candidato não é nenhum sonho, mas é o único capaz de encarnar uma alternativa contra Nicolas Sarkozy.

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