PUBLICIDADE

Mundo

França e Romênia buscam cooperar para reinserção de ciganos

25 ago 2010 - 13h58
(atualizado às 14h09)
Compartilhar

França e Romênia acordaram hoje uma "melhor" cooperação na reinserção social dos ciganos, em um encontro entre membros dos dois Governos no qual não houve reprovações à França por sua política de expulsões de ciganos a seus países de origem.

"Não há reprovações por parte dos romenos", disse o ministro de Imigração francês, Eric Besson, ao término da reunião em que, do lado francês, também participou o titular do Interior e anfitrião do encontro, Brice Hortefeux, e o secretário de Estado de Assuntos Europeus, Pierre Lellouche.

Seus interlocutores romenos foram o secretário de Estado encarregado da integração dos ciganos Valentin Mocanu, e o de Segurança Pública, Valentin Fatuloiu.

Foram mais de duas horas de discussões sobre os direitos e obrigações da minoria cigana, nas quais os responsáveis do Governo francês lembraram a seus convidados que a política francesa neste âmbito se ajusta totalmente à legislação francesa e europeia.

No entanto, a partir de agora, disse Besson, "vamos cooperar melhor em matéria de reintegração".

As duas partes acordaram "um aumento do número de policiais romenos" mobilizados na França e "uma intensificação da cooperação em matéria de segurança" com medidas concretas como, por exemplo, a nomeação de um juiz romeno na direção geral da Polícia francesa, assinala um comunicado divulgado pelo Ministério do Interior francês.

Constataram também que o princípio de livre circulação de pessoas não deve servir de "álibi" para o tráfico de seres humanos, prostituição, mendicância ou crime, em geral, acrescenta a nota.

Após este contato, e como declarou à imprensa o secretário de Estado de Segurança Pública da Romênia, "não se pode falar de tensões" entre os dois países por causa do que está ocorrendo com os ciganos.

As relações franco-romenas são "excelentes" há séculos, acrescentou, antes de indicar que algumas das deportações de "cidadãos romenos" são "voluntárias".

Os dois membros do Executivo romeno explicarão amanhã em entrevista coletiva as conclusões de sua visita a Paris na qual puderam constatar que a França seguirá com o desmantelamento de acampamentos ilegais e as expulsões.

Por sua vez, o ministro do Interior da Romênia, Vasile Blaga, afirmou que a polêmica sobre a deportação de ciganos não afetará a entrada do país no Acordo Schengen, entre países europeus onde há livre circulação de cidadãos.

"A agência (europeia para o Schengen) considera que não existe o menor risco para a adesão da Romênia ao Espaço Schengen, o que é um sinal extremamente positivo", declarou Blaga à agência "Agepres".

Para amanhã mesmo está previsto que decolem de Paris e de Lyon dois novos voos com mais de uma centena de ciganos em cada um deles, com destino à Romênia.

Em relação aos acampamentos, "vamos continuar a evacuação" dos que forem ilegais, disse hoje o ministro do Interior da França, Brice Hortefeux, antes da reunião com os membros do Governo romeno.

Em declarações à rádio "RTL", Hortefeux explicou que "não se expulsar ciganos porque são ciganos", mas também não se pode acolher a todos os que queiram vir a território francês.

Embora não haja estatísticas de crime por comunidades específicas, há por nacionalidades e, segundo o ministro, "em Paris o crime de nacionalidade romena aumentou 138% no ano passado".

Hortefeux e o resto dos membros do Governo francês receberam hoje instruções muito claras e diretas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para que continuem aplicando a política atual sem nem fazer caso "que buscam a polêmica sistemática".

O chefe de Estado francês assim o ressaltou durante a primeira reunião do Conselho de ministros após o período de férias, na qual pediu a todos os membros de seu gabinete que não se envolvam em um "confronto estéril", declarou à imprensa ao término do encontro o porta-voz do Governo francês, Luc Chatel.

Sarkozy lhes pediu que "redobrem o diálogo" e respondam às inquietações e dúvidas que possam surgir, mas também que "redobrem" a coragem perante "críticas frequentemente excessivas e infundadas", acrescentou.

Chatel revelou que, no âmbito específico da segurança, o presidente disse que esta é uma de seus grandes prioridades e que "a referência" é seu discurso do último dia 28, no qual anunciou o desmantelamento de acampamentos ilegais de ciganos e expulsões dos evacuados a seus países de origem.

EFE   
Compartilhar
Publicidade