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Europa

França diz que após frear avanço salafista, tenta minar capacidade do grupo

13 jan 2013 - 19h07
(atualizado às 19h18)
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A França afirmou neste domingo que conseguiu frear o avanço dos salafistas rumo ao sul de Mali e indicou que agora visa a destruição das instalações desses grupos no norte, sob seu controle desde meados do ano passado.

A análise da situação foi tema de um conselho de Defesa no qual também foi abordada a operação francesa na Somália. Após a reunião, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, reconheceu que a tentativa de libertar o refém Dennis Allex "foi um fracasso" e que acredita que o sequestrado já tenha sido morto.

O balanço positivo ficou centrado no desdobramento em Mali, no qual se deu por cumprido o objetivo de bloquear a progressão salafista e, desde hoje, as forças estão centradas em minar a capacidade desses grupos no norte, que segundo o ministro "são muito combativos e contam com armas potentes".

O terceiro dia da chamada "Operação Cerval" em Mali, nome dos gatos selvagens que habitam o deserto dessa zona, se saldou com a destruição de campos de treinamento, infraestruturas e depósitos logísticos perto da cidade setentrional de Gao.

O "componente essencial" da intervenção da França continua sendo aéreo, segundo indicou Fabius em entrevista à rede "LCI", mas precisou que esse tipo de operações requer que as forças especiais no terreno ajudem os aviões a localizar seus alvos.

Por enquanto, há centenas de soldados no local e o número deve aumentar nesta semana, quando também está previsto que cheguem reforços do Senegal, Níger, Nigéria "e provavelmente Chade".

Desde Paris, Fabius admitiu que embora a França se encontre "na primeira linha de fogo" porque está em condições de intervir após o pedido de ajuda recebida na quinta-feira pelo presidente interino de Mali, Dioncunda Traoré, o apoio internacional "é essencial".

A ajuda logística em matéria de transporte e telecomunicações que chegou desde a Grã-Bretanha, Dinamarca, Estados Unidos e "outros grandes países" que não foram citados, também é essencial. Fabius lembrou também da Argélia, que permitiu sobrevoar seu espaço aéreo "sem limite".

As baixas no bando salafista, que não foram cifradas, mas são consideradas importantes, e o fato de destruir alvos concretos faz passar à França a um nível superior, depois que no sábado um piloto de helicópteros morreu após ser atingido.

Por sua vez, em entrevista à rede "I-Tele", o ministro francês de Defesa, Jean-Yves Le Drian, disse que o objetivo da França "é a luta implacável" contra o terrorismo e evitar a implantação em Mali de um "Estado terrorista", que segundo Paris seria "dramático" tanto para esse país como para a África e Europa.

Desde Paris, Le Drian insiste ao mesmo tempo em que a intenção não é permanecer em Mali "para sempre", mas as tropas francesas sejam substituídas por uma força africana que permita cumprir o resto de objetivos: a recuperação da integridade territorial e a aplicação da resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Na França, acredita-se que Bamaco teria caído em questão de dias se o país europeu não tivesse intervindo após a ofensiva surpresa empreendida na quinta-feira contra Kona pelos grupos salafistas Ansar Al Din, Monoteísmo e Jihad em África Ocidental (MYAO) e Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI).

E essa postura se vê reforçada, segundo as autoridades francesas, pelas felicitações recebidas, a última das quais partiu do secretário-geral da ONU, Ban-Ki-moon, em uma conversa telefônica mantida com Fabius.

As autoridades francesas se mostram conscientes dos riscos que corriam ao tomar esse passo, e perante possíveis represálias, reforçou o plano de alerta antiterrorista "Vigipirate", que se encontra no nível vermelho, imediatamente inferior ao máximo, de cor mais forte.

Concretamente, segundo indicou neste domingo o Ministério do Interior, o órgão está prestando atenção particular à proteção de lugares considerados sensíveis: locais militares, locais de culto, legações diplomáticas e lugares de muito trânsito.

"O papel do chefe do Estado é estar à altura dos eventos", disse Le Drian, um dos participantes de uma nova reunião sobre a situação no país marcada para segunda-feira.

EFE   
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