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Europa

França alerta contra qualquer intervenção militar na Síria

13 fev 2012 - 14h48
(atualizado às 15h05)
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O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, alertou nesta segunda-feira em Bordeaux contra "qualquer intervenção de caráter militar" na Síria, após a proposta da Liga Árabe de enviar uma força de paz conjunta ONU-Árabes para o país.

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Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de a França enviar Capacetes Azuis à Síria, Juppé respondeu: "Hoje, nós achamos que qualquer intervenção externa, de caráter militar, só irá agravar a situação, enquanto não houver uma decisão do Conselho de Segurança, que é a única instância autorizada a realizar uma intervenção militar".

A Liga Árabe anunciou no domingo que pediria "ao Conselho de Segurança (da ONU) a adoção de uma resolução para a formação de uma força de paz árabe-ONU conjunta para supervisionar a aplicação do cessar-fogo".

O chefe da diplomacia francesa assegurou que a França apoiará a iniciativa da Liga Árabe de "recorrer à Assembleia Geral para obter uma condenação nas Nações Unidas". "Nós apoiaremos esta iniciativa, nós estamos trabalhando nisso em Nova York", declarou.

Juppé também confirmou o apoio de seu país em relação à decisão da Liga "de reunir (...) um grupo de amigos da Síria (...) para pressionar o regime que, decididamente, precisa sair depois dos massacres em Homs e em outras cidades da Síria".

A França "participará plenamente" desta reunião que acontecerá na Tunísia no dia 24 de fevereiro, assegurou.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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