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Europa

Falta de acordo entre partidos italianos força Napolitano a ganhar mais tempo

29 mar 2013 - 18h19
(atualizado às 19h19)
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O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, decidiu nesta sexta-feira tomar "algum tempo para a reflexão" após concluir sua segunda rodada de consultas com as principais forças parlamentares para a formação do novo Executivo, ancoradas na ingovernabilidade por suas próprias posturas.

Napolitano volta a assumir toda a responsabilidade na tentativa de tirar o país do complicado bloqueio político no qual se encontra desde as eleições gerais, motivo pelo qual preferiu ganhar mais tempo na busca da melhor opção para a Itália, cuja instabilidade governamental pode ser decisiva para o futuro da zona do euro, da qual é a terceira maior economia.

Em um movimento pouco habitual dentro da praxis da Presidência da República, ao término das consultas não discursou nem o próprio chefe do Estado nem seu secretário-geral, nesta ocasião Donato Marra, e também não foi divulgado um comunicado para dar conta dos próximos movimentos.

Foi o porta-voz da presidência, Pasquale Cascella, o encarregado de lançar luz às incógnitas dos jornalistas que aguardavam na porta da sala de consultas do Palácio do Quirinal de Roma algum tipo de comunicação.

"O presidente agora tomará algum tempo para a reflexão e não tenho nada mais a acrescentar a respeito", disse Cascella, que indicou ainda que Napolitano não falaria com a imprensa hoje, como fez há exatamente uma semana ao final da primeira rodada de consultas para encarregar o líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, de buscar apoios para formar um Executivo.

A Itália encara agora três dias de feriado por ocasião da Páscoa católica, por isso não se sabe se o chefe do Estado falará amanhã ou apenas na segunda-feira, uma vez que a reabertura da Bolsa de Milão, muito pendente do resultado destas consultas, não acontecerá até terça-feira.

A sala de imprensa do Palácio do Quirinal será reaberta amanhã às 10h (6h de Brasília), o que pode indicar que neste Sábado de Aleluia possa haver algum tipo de atividade ou comunicação oficial por parte da presidência, algo ainda não confirmado.

Com um país inteiro pendente do resultado das consultas, os partidos seguem presos às suas posturas, com uma centro-direita que aposta em um governo de união nacional com Bersani, que por sua vez rejeita o apoio do ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi, e um Movimento 5 Estrelas do comediante Beppe Grillo que aceita apenas um Executivo próprio.

A delegação do Partido Democrata (PD), que nesta ocasião não esteve liderada por seu secretário geral, Bersani, reiterou sua negativa a um Executivo em coalizão com Berlusconi, mas indicou que de forma responsável apoiaria a decisão adotada por Napolitano para tirar o país deste bloqueio.

"As fortes diferenças entre as forças políticas fazem com que um governo de união nacional com as forças políticas tradicionais não seja idôneo", explicou o vice-secretário do PD, Enrico Letta.

O PD considera que a melhor opção para o país é permitir um governo que prepare uma "convenção constituinte", com todas as forças políticas para permitir a aprovação de uma série de reformas, como "o Senado das regiões, a redução do número de províncias, uma nova lei eleitoral e a redução do número de parlamentares".

Berlusconi, o primeiro a reunir-se com Napolitano hoje como presidente do Povo da Liberdade (PDL) e que esteve acompanhado por seus parceiros de centro-direita da Liga Norte, insistiu na necessidade de um governo de união nacional com o PD e com a formação do primeiro-ministro interino, Mario Monti.

Sem movimentar-se também de sua postura oficial, o ex-primeiro-ministro se mostrou disposto a apoiar Bersani ou qualquer outra figura indicada pelo PD para liderar esse Executivo de união nacional, no qual, disse, deverá ser definido também o nome do sucessor de Napolitano, que será eleito no Parlamento no mês que vem.

Por sua parte, o movimento de Grilo insiste em negar apoio a "políticos e pseudotécnicos", convencido que o melhor para o país é um Executivo seu, para o qual, se Napolitano lhes conferisse a incumbência, poderiam dar um nome "em muito pouco tempo" como candidato a primeiro-ministro.

Enquanto o país segue pendente de suas decisões, as únicas palavras que em público saíram hoje da boca de Napolitano foram as de uma carta enviada ao papa Francisco por ocasião da Páscoa, na qual fala da coincidência, neste ano, da festividade com "uma fase crucial de substituição democrática" na Itália.

EFE   
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