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Europa

Evo Morales pousa em Viena sem Snowden após voo de risco

2 jul 2013 - 22h34
(atualizado às 22h37)
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O presidente boliviano, Evo Morales, pousou na noite desta terça-feira no Aeroporto de Viena procedente de Moscou, "mas sem Edward Snowden", o americano procurado por Washington por vazar informações de um programa de espionagem, ao final de um voo que teve o acesso negado aos espaços aéreos de Portugal e Itália.

O avião de Morales pousou em Viena "sem Edward Snowden" a bordo, informou à AFP um funcionário do ministério austríaco das Relações Exteriores Alexander Schallenberg.

"O presidente Morales partirá na madrugada desta quarta-feira para La Paz", revelou Schallenberg, sem citar as razões do pouso em Viena.

O chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, afirmou que França e Portugal colocaram a vida de Morales em risco ao revogar as permissões de aterrissagem e sobrevoo por seus territórios, motivo pelo qual o líder boliviano teve de pousar de emergência em Viena.

Morales retornava à Bolívia no avião presidencial, procedente de Moscou, onde participou da cúpula de países produtores de gás natural e se reuniu com seu colega russo Vladimir Putin. O voo previa uma escala técnica em Portugal, mas Lisboa "inexplicavelmente nos comunicou que havia cancelado a autorização de sobrevoo e aterrissagem", indicou Choquehuanca.

Com essa decisão, "um novo plano de voo foi elaborado para que o presidente" pousasse na Espanha, depois da autorização deste país para que a aeronave "fosse reabastecida nas Ilhas Canárias". Mas quando Morales "estava no ar, a França nos comunicou que a autorização de sobrevoo do território francês havia sido cancelada".

"Havia a suspeita infundada de que o senhor Snowden estaria neste voo, não sabemos quem inventou esta soberana mentira", acrescentou Choquehuanca.

Segundo o ministro boliviano da Defesa, Rubén Saavedra, a França autorizou o voo sobre seu espaço aéreo, o que foi negado pelos governos de Portugal e Itália.

"Informaram a nossa tripulação que os governos de Itália e Portugal negaram o trânsito por seu espaço aéreo", disse Saavedra em Viena à rádio estatal Patria Nueva.

Saavedra culpou a Casa Branca pelo incidente, "que prova claramente a atitude de sabotagem e complô por parte do governo dos Estados Unidos, que pressiona os governos europeus".

O incidente provocou a imediata reação de Venezuela e Equador, aliados regionais do governo de Morales.

O chanceler da Venezuela, Elías Jaua, qualificou as decisões de Portugal e França de "atentado" dirigido pelos Estados Unidos contra a vida do presidente boliviano.

"É um atentado à vida do presidente Morales (...). Os governos de Europa e Estados Unidos estão por trás desta agressão grosseira, brutal, imprópria e selvagem que colocou em risco a vida de um presidente", disse Jaua à TV estatal venezuelana.

O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, afirmou que as decisões de Lisboa e Paris foram uma "tremenda ofensa" ao presidente Evo Morales.

Patiño disse que pedirá uma "reunião extraordinária" de ministros das Relações Exteriores da União Sul-Americana de Nações (Unasul) para analisar o incidente com Morales e as denúncias de Snowden.

"Não é possível suspeitar que no avião de Morales viajasse o senhor Snowden, e tiveram o atrevimento de negar a um presidente de uma república sul-americana a passagem por seu espaço aéreo. Isto me parece uma tremenda ofensa".

"Daqui enviamos nossa solidariedade ao presidente Morales e a rejeição do que ocorreu com ele".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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