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Europa

Europa anuncia medidas para conter crise no Mediterrâneo

Equipes de patrulha serão reforçadas para destruir as embarcações usadas no tráfico de pessoas.

20 abr 2015 - 19h35
(atualizado às 21h53)
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Oficiais da Guarda Costeira da Itália desembarcam corpos encontrados no Mar Mediterrâneo
Oficiais da Guarda Costeira da Itália desembarcam corpos encontrados no Mar Mediterrâneo
Foto: Lino Azzopardi / AP

A União Europeia (UE) anunciou um pacote de medidas para a crise de imigração no mar Mediterrâneo.

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Na noite do último sábado, um barco com cerca de 700 pessoas virou ao sul da ilha italiana de Lampedusa. Só 28 foram resgatadas.

A tragédia ocorreu poucos dias depois de 400 imigrantes se afogarem num incidente semelhante, desta vez perto da costa da Líbia, no norte da África.

Agora, as equipes de patrulha da operação Tritão, criada para socorrer barcos que cruzam do continente africano para a Europa, serão reforçadas para destruir as embarcações usadas no tráfico de pessoas.

Na próxima quinta-feira quinta-feira, líderes da UE se reunirão mais uma vez em caráter de emergência para debater a crise, que se intensificou no último fim de semana.

A chefe de Relações Internacionais do bloco, Federica Mogherini, disse que o pacote é uma "forte reação da UE diante da tragédia" e indica haver "um novo senso de urgência e disposição política" diante da questão.

"Estamos desenvolvendo uma verdadeira solidariedade europeia no combate ao tráfico de pessoas - finalmente."

Medidas

As medidas incluem um aumento dos recursos financeiros do Frontex, órgão que administra a Tritão, e um aumento da área coberta por esta operação.

A UE havia sido criticada pelo escopo da Tritão, que substituiu uma operação mais ampla realizada pela Itália, a Mare Nostrum, no fim do ano passado.

Além da permissão para destruir barcos de traficantes de pessoas, o pacote prevê: Processamento de pedidos de asilo em até dois meses depois deles serem efetuados; Coleta de digitais e cadastramento de todos os imigrantes; Um programa voluntário de realocamento de imigrantes; Oferta de ajuda para retorno aos países de origem; Presença de oficiais de imigração em países-chave. 

Mogherini ainda destacou a necessidade de agir na Líbia, onde não há uma "orgão estatal para controlar fronteiras".

Traficantes de pessoas vem tirando proveito da crise política na Líbia para usar o país como ponto de partida para barcos de imigrantes que buscam fugir da violência e das dificuldades econômicas enfrentadas na África e no Oriente Médio.

"Discutimos todas as formas possíveis de apoiar a formação de um governo de unidade nacional na Líbia", afirmou Mogherini

'Intervenções pontuais'

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse no domingo que se tratava de um "dia negro para a Europa", acrescentando que "a busca e salvamento é apenas uma parte (da solução)".

"Precisamos ir atrás dos traficantes e ajudar a estabilizar estes países."

Em resposta ao novo pacote, a ONG Save the Children condenou o que chamou de fracasso na tentativa da Europa de estabelecer uma operação de resgate de imigrantes.

"Precisávamos que os ministros de Relações Exteriores agissem para salvar vidas, mas eles hesitaram", disse Justin Forsyth, presidente da ONG.

"A reunião de emergência de quinta-feira tornou-se agora uma questão de vida ou morte."

Vídeo mostra desespero após novo naufrágio no Mediterrâneo:

Enquanto os ministros se reuniam no fim de semana, Itália e Malta disseram estar trabalhando no resgate de duas embarcações que haviam pedido ajuda.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que um dos barcos havia saído da costa da Líbia e tinha entre 100 e 150 pessoas a bordo. O outro teria cerca de 300.

Em uma coletiva de imprensa realizada junto com o premiê de Malta, Joseph Muscat, em Roma, Rensi afirmou que uma intervenção militar na Líbia estava "fora de cogitação", mas que poderiam ser realizadas "intervenções pontuais" contra traficantes de pessoas.

Para Muscat, o desastre de domingo foi um "ponto de inflexão", dizendo que a "a Europa precisa trabalhar de forma conjunta".

A ONU diz que a rota entre o norte da África para a Itália e Malta tornou-se uma das mais mortais do mundo.

Estima-se que 1,5 mil imigrantes tenham se afogado ao tentar fazer esta travessia.

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