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Europa

Estátua da Mãe Pátria é símbolo da vitória soviética em Stalingrado

2 fev 2013 - 07h48
(atualizado às 10h29)
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"Stalingrado... Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!”. Assim começou Carlos Drummond de Andrade a sua famosa Carta a Stalingrado, um poema escrito em 1943, quando os soviéticos derrotavam os alemães na célebre batalha. O texto exalta aquela cidade “que resiste”, que se ergue dos escombros e que, segundo o poeta, é “uma criatura que não quer morrer e combate”.

A Mãe Pátria de Stalingrado, estátua épica para a aquela que é considerada uma das maiores batalhas da Grande Guerra
A Mãe Pátria de Stalingrado, estátua épica para a aquela que é considerada uma das maiores batalhas da Grande Guerra
Foto: AFP

Ainda hoje, 70 anos depois do cerco de Stalingrado, a cidade que agora se chama Volgogrado respira os ares do momento mais trágico da história soviética e também da triunfante vitória contra a Alemanha nazista. Dor e destruição se misturam com orgulho e patriotismo.

“Nenhuma cidade evoca tanta história na Rússia como Volgogrado, nem mesmo Moscou”, opina o professor Andrei Ivanov, do Departamento de História da Universidade de Volgogrado. “O rio Volga é o maior da Europa e muitos eventos importantes do nosso país estão relacionados ao rio. Por isso o chamamos de Mãe Volga, pela importância que tem”.

Erguendo-se em uma colina de 102 metros, surge majestosa a estátua Mãe Pátria, de 85m de altura e que é símbolo da cidade. A construção é uma mulher feita de concreto empunhando uma espada de aço. O local foi palco de enfrentamentos que duraram quatro meses durante o cerco de Stalingrado e hoje abriga um memorial a todos que morreram no conflito, em um complexo chamado Mamaev Kurgan. O Panteão conta com a inscrições com os nomes de 7,2 mil combatentes mortos. Estima-se que 1 milhão de soldados russos tenha morrido na batalha.

“Nós viemos aqui prestar uma homenagem aos defensores da pátria. Sem eles, o que seria da Rússia agora? Na verdade, o que seria do mundo? Estaríamos sob o jugo de Hitler ou de líderes semelhantes?”, questiona a aposentada Natalya Konikova, que perdeu familiares na batalha.

Natalya leva todos os anos flores aos “heróis da Rússia”, em agradecimento ao que eles fizeram pelo país. “Este é um ano especial para a nossa cidade de Stalingrado. Uma pequena cidade salvou o destino da humanidade”.

Na última quinta-feira, a prefeitura de Volgogrado aprovou que o nome da cidade fosse alterado durante alguns dias este ano para a celebração dos 70 anos da batalha. Desta maneira, neste sábado (02/02), o nome oficial da cidade passa a ser “cidade-heróica Stalingrado”, atendendo a pedidos de muitos veteranos da Segunda Guerra Mundial, segundo informações oficiais.

O decreto autoriza que o nome Stalingrado seja usado em discursos e relatórios em seis datas especiais este ano, incluindo o dia da Vitória (9 de maio), o dia do contra-ataque russo em Stalingrado (19 de novembro) e o dia do fim da Segunda Guerra Mundial (19 de novembro). Segundo pesquisa do instituto de opinião pública Levada, 18% dos russos apóiam que a cidade volte a se chamar Stalingrado de maneira definitiva.

“Eu sei que Stálin fez muitas coisas erradas, mas é importante que a gente relativize e veja também pontos positivos. A vitória na guerra foi uma vitória nossa, uma vitória de Stálin”, conta o jovem Igor Patrushev, que não se declara comunista, mas “respeita o legado da União Soviética”.

Memória soviética

Além do complexo Mamaev Kurgan, a cidade de Volgogrado (ou Stalingrado, aos que preferirem o antigo nome) conta também com o Museu da Defesa de Stalingrado, com dezenas de exposições dedicadas apenas à batalha.

“Esta semana estamos recebendo pessoas de várias partes do mundo. Acho que estão todos muito gratos ao esforço russo”, explica uma guia do museu. “Com as fotos e os vídeos, podemos perceber um pouco a importância dos anos de 1942 e 1943 para o futuro de todos nós”.

No segundo andar do museu, uma ilustração em 360° graus mostra um Panorama dos anos da guerra do alto da colina onde hoje está a estátua da Mãe Pátria. “Quando comparamos as cenas de destruição e carnificina deste panorama com a cidade que temos hoje em dia, ficamos ainda mais admirados com a capacidade de superação soviética”.

Drummond parecia ter razão quando, ainda em 1943, disse em sua carta: “Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres, a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem”.

Fonte: Especial para Terra
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