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Europa

Esquerda italiana sob pressão para formar governo

27 mar 2013 - 16h19
(atualizado às 16h40)
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Um mês depois das eleições legislativas, a esquerda italiana, liderada por Pier Luigi Bersani, está sob pressão para formar rapidamente um governo capaz de relançar a terceira economia da zona do euro, mergulhada na recessão.

"Apenas um doente mental poderia ter inveja de governar neste momento", comentou Bersani diante de uma delegação de representantes do Movimento Cinco Estrelas do humorista "antissistema" Beppe Grillo ao comentar as dificuldades frente à paralisação política que atravessa a Itália.

Bersani conclui nesta quinta-feira as consultas com os partidos para tentar formar um governo e conseguir o apoio necessário para obter a confiança do parlamento, o que sido algo bem complicado.

"Estou disposto a assumir minhas responsabilidades, mas peço aos demais que assumam as deles", pediu durante a reunião com os rebeldes, que rejeitaram de novo apoiar a formação de um governo de centro-esquerda.

As três frentes em que o país se encontra dividido - direita, esquerda e indignados de Grillo - não conseguem chegar a um acordo para formar um novo governo e Bersani conta apenas com a maioria absoluta na Câmara de Deputados, enquanto que no Senado obteve a maioria relativa, algo que gera muitas dificuldades de entendimento.

A reunião desta quarta foi acompanhada ao vivo por streaming, respeitando a vontade de "transparência" que o movimento "antissistema" prega.

Ao término do encontro, Grillo acusou em seu blog todos os partidos políticos, tanto de esquerda como de direita, por terem compartilhado o poder nos últimos 20 anos e por terem defendido apenas seus próprios interesses, destruindo o tecido industrial do país, cortando os benefícios sociais, acabando com a inovação e a pesquisa científica e, em síntese, "roubando o futuro das novas gerações".

Bersani está diante de uma encruzilhada, já que não convenceu Grillo, nem a sua tropa de parlamentares, e, ao mesmo tempo, se nega a se aliar à direita do magnata Silvio Berlusconi e dar vida a um governo de "unidade nacional" depois dos duros confrontos registrados nos últimos anos.

O líder da esquerda tenta montar o quebra-cabeça, em um momento crucial para a economia italiana, que se encontra em plena recessão há seis trimestres.

Os meios de comunicação asseguram que nas negociações para conseguir a formação de um novo governo pesa também o nome do candidato a presidente da República, a pessoa que substituirá Giorgio Napolitano, cujo mandato de sete anos termina em 5 de maio.

O tempo corre contra Bersani e não se descarta que o presidente da República encarregue outra pessoa para tentar formar um governo, já que não pode convocar novas eleições devido a seu mandato que está para concluir.

"É evidente que a instabilidade política não ajuda", declarou à AFP Marcello Messori, professor de Economia da Universidade Luiss, de Roma, que teme as consequências de que sejam formados governos de curta duração sem o apoio político suficiente.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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