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Europa

Especialista compara Chernobyl a Zeppelin e defende usinas

23 abr 2009 - 09h36
(atualizado às 14h53)
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Marcos Chavarria

Direto de Porto Alegre

"Chernobyl está para a indústria nuclear atual assim como o dirigível de Hindenburg está para um Boeing. A única coisa em comum é a geração de energia através do urânio". É com esta afirmação que Guilherme Camargo, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), desafia os críticos ambientalistas, garante que reatores existentes no mundo são seguros e defende que todos os países, inclusive a Coréia do Norte e Irã, têm direito a desenvolver a tecnologia para fins pacíficos.

Agentes da AIEA inspecionaram, em 1990, as instalações de Chernobyl para medir as conseqüências do acidente
Agentes da AIEA inspecionaram, em 1990, as instalações de Chernobyl para medir as conseqüências do acidente
Foto: AFP

No próximo domingo, a explosão que resultou em um incêndio e no conseqüente vazamento de resíduos nucleares da usina de Chernobyl, na antiga URSS, atual Ucrânia, completa 23 anos. A nuvem de radioativade atingiu fortemente a Rússia, Bielorrússia e Ucrânia, além de afetar em menor intensidade a Escandinávia e até o Reino Unido.

Na época do acidente, o governo soviético tentou abafar o caso e informações detalhadas sobre os mortos não foram efetivamente divulgadas. Especulou-se, na época, que os mortos seriam dezenas de milhares. No entanto, em investigação, em meados de 2005, a ONU calculou em 4 mil as vítimas comprovadas ou futuras em decorrência, principalmente, do câncer.

Os números são severamente contestados por ONGs, principalmente pelo Greenpeace, que calcula que pelo menos 93 mil pessoas morreram ou morrerão contaminadas pelo material radioativo. "A catástrofe de Chernobyl liberou 100 vezes mais radiação do que as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki", diz a organização.

Na defesa da tecnologia nuclear, Camargo afirma que as atuais usinas são completamente diferentes das antigas do leste europeu. "Não entendo a razão pela qual esse acidente é tão valorizado. Chernobyl não afetou o desenvolvimento da indústria nuclear no mundo", disse o presidente da Aben.

"Tivemos um acidente bem mais grave em Three Mile Island (nos EUA, em 1979), mas não vejo ninguém relembrar o dia, pois não houve vítimas. Esse acidente comprovou a segurança da tecnologia TWR - sigla em inglês para Tritiated Water Remediation, ou resfriamento com água tritiada - e é o parâmetro correto para discutirmos a questão. Mas o Greenpeace prefere esquecer desse episódio", afirmou Camargo.

Ele também diz que o resíduo atômico resultante do processo de obtenção de energia nuclear, ao contrário do que os ambientalistas dizem, é a grande vantagem da tecnologia. De acordo com Camargo, as usinas que utilizam carvão, por exemplo, liberam largas quantidades de CO2 na atmosfera, enquanto as usinas nucleares não emitem efluentes líquidos ou gasosos, apenas sólidos.

"O rejeito radioativo é guardado dentro do prédio do reator e é submetido às mesmas regras de segurança da usina. Guardamos este material registrado com 'carteira de identidade' e 'CPF', como costumamos dizer, com todo o cuidado que as novas técnicas exigem", declarou Camargo.

Sobre países que são constantemente questionados sobre os motivos por trás da atividade nuclear nacional, como o Irã, o especialista defende que todas as nações têm o direito de desenvolver a tecnologia para fins pacíficos. Para ele, a pressão sobre o Irã é semelhante à realizada contra o Iraque e que resultou na invasão americana. "Todos sabem que o Irã tem apenas um programa de enriquecimento de urânio, similar, inclusive, ao brasileiro".

No caso da Coréia do Norte, a questão é complexa, na opinião de Camargo. O país não assinou o tratado de não proliferação de armas nucleares. "É preocupante mais um país no grupo atômico. Mas o tratado é uma peça de ficção, pois diz que todos os países do grupo - EUA, Grã-Bretanha, China e outros - deveriam se desarmar, mas isso não aconteceu. Enquanto existir países com armas nucleares, é inevitável que outros se sintam ameaçados e se achem no direito de ter essa tecnologia".

Com informações da AFP e BBC.

Fonte: Redação Terra
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