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Europa

Espanha aguarda decisão de proibição das touradas na Catalunha

27 jul 2010 - 15h47
(atualizado às 16h04)
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O mundo da tourada espanhol está prendendo a respiração nesta terça-feira véspera de um voto parlamentar que poderá proibir a prática na Catalunha e dar uma vitória histórica aos opositores. O parlamento regional da Catalunha deve decidir nesta quarta-feira pela manhã se vai ou não proibir as "corridas" de touros nesta rica região do nordeste da Espanha, como pede uma "iniciativa legislativa popular" (ILP).

As últimas pesquisas pareciam indicar que a maioria dos 135 parlamentares catalães pendia para a proibição das touradas, um golpe para a tradição secular espanhola. Em caso de sucesso da ILP, a Catalunha se tornará a segunda região do país a proibir a prática, depois das Ilhas Canárias que o fizeram em 1991, além de possivelmente promover um contágio a outras regiões onde a tourada é permitida.

Simpatizantes e opositores estavam mobilizados nesta terça-feira, aguardando a disputa que promete ser acirrada. Esta virou uma "questão política" na região onde "a ideia é extinguir tudo o que for espanhol", clamava nesta terça-feira o editor do diário madrileno El Mundo (direita).

Esse foi um tema recorrente nos últimos dias na imprensa conservadora, que vê na possível proibição uma vontade de revanche dos políticos catalães, depois de uma recente decisão do Tribunal Constitucional que retirou certos aspectos do estatuto de autonomia da região. A liberdade de voto foi dada especialmente aos 37 parlamentares socialistas pelo presidente regional socialista José Montilla, já que um voto socialista contra a proibição, inicialmente, poderia sem dúvida garantir uma rejeição da ILP.

Mas os opositores à "corrida", cada vez mais numerosos na Catalunha e apoiados por poderosas organizações internacionais de defesa dos animais, relembram que esta tradição está perdendo força na região, onde apenas a Praça Monumental de Barcelona continua a organizar touradas. A votação acontece num contexto complicado para o setor "taurino" na Espanha, que gera cerca de 40 mil empregos e bilhões de euros por ano, e que vem sentindo efeitos negativos desde 2009 por causa da crise econômica.

Inúmeras regiões espanholas, inclusive Madri, anunciaram, assim que se iniciou o debate catalão, suas intenções de inscrever a tourada como "patrimônio cultural", com o objetivo de proteger a tradição. Ainda assim, os contra ganham espaço. É preciso defender a liberdade de escolha e essa "paixão comum" cultural franco-espanhola, que "ninguém tem o direito de proibir", afirmou nesta terça-feira ao jornal La Razon o toureiro francês Juan Bautista (Jean-Baptiste Jalabert).

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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