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Europa

Entre diplomacia e escândalos, papa Francisco viveu um 2015 complicado

14 dez 2015 - 20h26
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Com uma viagem histórica, o papa Francisco selou o começo da reconciliação entre Cuba e Estados Unidos e continuou em sua tentativa de pedir a reconciliação no mundo, enquanto alguns escândalos no Vaticano deixaram evidentes as resistências às reformas que impulsiona.

Diplomacia e reformas. Esses foram os âmbitos que o pontífice viveu em 2015 tanto em suas viagens ao exterior como no interior dos muros vaticanos, onde continua a implementar uma complicada reforma de suas estruturas.

O pontífice, que sempre disse que não gosta de viajar, visitou quatro continentes neste ano. Os destinos em janeiro foram Sri Lanka e Filipinas; em junho, Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina; Equador, Bolívia e Paraguai em julho; Estados Unidos e Cuba em setembro; e Quênia, Uganda e República Centro-Africana em novembro.

Papa Francisco levou a todos esses países sua mensagem de solucionar os conflitos com o diálogo e pediu reconciliação, como quando se referiu à disputa entre Chile e Bolívia pela saída chilena ao mar.

A mediação pelo diálogo chegou ao ápice em setembro, quando serviu como uma decisiva ponte de comunicação internacional entre Cuba e EUA, com visitas a ambos os países e reuniões com seus respectivos presidentes.

No contexto internacional atual, ainda é cobrado maior interesse nas mensagens de diálogo e convivência entre religiões lançadas pelo papa em Sarajevo ou em sua última viagem à África.

Junho foi o mês em que papa Francisco publicou sua primeira encíclica, "Laudato si" (Louvado seja), o manifesto ecologista no qual o pontífice pedia responsabilidade na defesa do meio ambiente com um texto que faz duras críticas ao sistema político e financeiro atual.

O ano também foi difícil para o papa, com a revelação de vários escândalos no Vaticano que alguns definem como uma intenção de atacar as reformas do pontífice.

A confissão do padre e teólogo polonês e integrante da Congregação para a Doutrina da Fé, Krysztof Charamsa, que era homossexual e que tinha um parceiro, ocorreu pouco antes do início do Sínodo da família, celebrado em outubro.

Depois houve o vazamento de uma carta com a suposta assinatura de 13 cardeais dirigida ao papa com acusações e críticas de como se desenvolvia o Sínodo, o que derivou um novo escândalo.

A surpreendente reportagem de um jornal italiano que informava que o papa havia descoberto um pequeno tumor cerebral, justo no momento em que o Sínodo dos bispos chegava a seu fim, voltava a levantar suspeitas.

Em um agitado ano para o pontífice, o pior ainda estava por chegar. A justiça vaticana enviou cinco pessoas a julgamento: o sacerdote espanhol Lúcio Ángel Vallejo Balda, a ex-assessora Francesca Chaouqui, o funcionário Nicola Maio, e dois jornalistas, Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, pelo vazamento e divulgação de documentos considerados secretos das finanças da Sede Apostólica.

O novo "Vatileaks", como o que se viveu em 2012 com a detenção e condenação do mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, e que terminou com a renúncia do papa alemão, estava servido.

Os documentos publicados nos livros "Via Crucis", de Nuzzi, e "Avarizia", de Fittipaldi, mostravam as irregularidades nas finanças italianas e o esbanjamento e mal uso dos recursos por parte de alguns membros da Cúria e dos cardeais.

Para o papa Francisco, a divulgação de documentos sigilosos do Vaticano era um "ato deplorável" e um "crime", mas explicou que "este triste feito" não o desviaria do trabalho de reformas que estava realizando.

O ano terminou com a inauguração do Jubileu da Misericórdia, que se prolongará durante 2016, e entre fortes medidas de segurança perante o alarme por possíveis atentados jihadistas.

EFE   
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