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Europa

Em meio a protestos, Papa realiza terceira viagem à Alemanha

21 set 2011 - 10h08
(atualizado às 10h39)
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O Papa Bento XVI inicia nesta quinta-feira uma viagem de quatro dias à Alemanha, sua terra natal, onde fará uma peregrinação cheia de gestos políticos e ecumênicos, mas marcada pela grave crise da Igreja alemã depois dos escândalos de pedofilia envolvendo o clero.

Cartaz contrário à visita do Papa faz uma paródia de Bento XVI com o filme Caça Fantasmas, em Berlim
Cartaz contrário à visita do Papa faz uma paródia de Bento XVI com o filme Caça Fantasmas, em Berlim
Foto: AFP

Durante as três etapas de sua viagem - Berlim, Erfurt e Freiburg - o sumo pontífice alemão, de 84 anos, terá uma agenda pesada, durante a qual pronunciará 19 discursos, entre eles um ante o parlamento nacional, o célebre Bundestag.

Graças ao perfeito conhecimento da cultura e do idioma, Joseph Ratzinger abordará um dos temas prioritários de seu papado: dar a Deus um lugar central na sociedade, tanto na Alemanha quanto na Europa.

A terceira viagem à Alemanha, depois da de 2005 a Colônia para as Jornadas Mundiais da Juventude e a de 2006 a sua nativa Baviera, é uma das visitas mais delicadas de seu pontificado, iniciado há seis anos.

Uma série de manifestações de protestos, convocadas pelas vítimas de padres pedófilos, foi organizada nas três cidades que o Papa visitará, principalmente em Berlim, onde é esperada uma participação de cerca de 20.000 pessoas.

Apesar de as denúncias contra padres pedófilos serem menor que as registradas em países como Irlanda e Estados Unidos, inúmeros católicos alemães decidiram abandonar a Igreja católica para manifestar sua indignação.

Fontes vaticanas não excluem que o Papa acabe recebendo algumas vítimas dos abusos sexuais cometidos por padres, como já o fez em outras viagens, um gesto que sempre é apreciado.

A associação de vítimas de padres católicos pedófilos, a SNAP, fundada nos Estados Unidos, avivou o tema na semana passada, depois de apresentar uma denúncia contra o Papa e outros três hierarcas da Igreja ante o Tribunal Penal Internacional por "crimes contra a humanidade", uma ação basicamente simbólica, mas que poderá ofuscar a visita papal.

Além dos escândalos de pedofilia, alguns setores católicos alemães reclamam reformas mais profundas dentro da Igreja, enquanto outros rejeitam a visita do pontífice alemão por considerá-lo muito retrógrado.

Segundo as pesquisas, a maioria dos alemães é indiferente à chegada do Papa.

Vários deputados, tanto do Partido Die Linke (esquerda ex-comunista) como Verdes e Social-democratas pretendem boicotar o discurso papal.

Não se trata da primeira vez que um Papa fala ante o parlamento de um país europeu, já que João Paulo II o fez na Polônia e na Itália.

Segundo as informações, o Papa falará das raízes cristãs da Europa e convidará os católicos a rejeitar o uso da religião e de Deus segundo seu próprio gosto.

Bento XVI se reunirá com a comunidade judia alemã e com a chanceler Angela Merkel, filha de um pastor protestante.

Também celebrará uma missa no estádio olímpico de Berlim, com capacidade para 90 mil católicos, à qual deverão assistir inúmeros poloneses.

Na sexta-feira, depois de ter recebido em Berlim representantes da comunidade muçulmana, o Papa fará outro importante gesto, desta vez de caráter ecumênico em Erfurt.

Lá visitará o convento agostiniano onde se formou Martin Lutero, o fundador, em 1522, da Igreja reformada, e que foi excomungado e desterrado depois de sua ruptura com Roma.

Será também a primeira vez que Joseph Ratzinger visita como pontífice uma cidade da ex-República Democrática Alemã, onde se registrou uma maior descristianização em relação à Alemanha Ocidental.

Em Freiburg, última etapa de sua viagem, receberá membros da poderosa organização laica "Conselho Central dos Católicos Alemães".

Aproveitará sua visita a uma das regiões mais católicas do país para reunir-se com seminaristas e jovens católicos e presidirá uma missa de encerramento no domingo no aeródromo dessa cidade.

Antes de despedir-se faz questão de saudar o ex-chanceler Helmut Kohl, pai da Reunificação da Alemanha ocorrida entre 1989 e 1990 depois da queda do Muro de Berlim.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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