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Europa

Em discurso anual, Putin faz novas ameaças à Turquia

Presidente russo ainda aproveitou para elogiar Blatter e Trump

17 dez 2015 - 12h53
(atualizado às 12h53)
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Foto: EFE

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aproveitou seu discurso anual, realizado nesta quinta-feira, para ameaçar a Turquia e insinuar que o governo turco derrubou o jato militar para "agradar os Estados Unidos".

"O abatimento do nosso jato foi um ato hostil. Se fosse um incidente, como os turcos dizem, nós esperaríamos um pedido de desculpas. Mas, ao contrário, eles foram à Otan. Derrubando um jato russo na zona de fronteira entre a Turquia e a Síria, talvez, Ancara quis agradar os Estados Unidos", destacou o mandatário ao responder um jornalista sobre uma suposta participação norte-americana no caso.

Para o mandatário, "é possível que uma terceira parte esteja envolvida", mas ressaltou que ele "não sabe se os norte-americanos tenham necessidade disso ou não". Aumentando o tom, o líder disse que o sistema de defesa russo na Síria foi ampliado e desafiou: "agora os turcos tentem violar o espaço aéreo sírio" para ver o que acontece.

Segundo Putin, as violações eram comuns na Síria - uma dos maiores parceiros de Moscou - até o abatimento do avião militar no dia 24 de novembro. Naquele dia, a Aeronáutica turca autorizou a derrubada da aeronave russa que teria sido alertada "por 10 vezes" que tinha invadido o espaço aéreo controlado por Ancara. Em declarações anteriores, o líder do Kremlim chamou o abatimento de "punhalada pelas costas".

Foto: EFE

Ainda falando da Turquia, Putin falou que está vendo um "processo de islamização rastejante" e que o fundador da República, Mustava Kemal Atartuk. "está se revirando no túmulo" com as medidas adotadas pelo atual governo do país. Em seu discurso de mais de três horas, Putin aproveitou para dizer que as operações militares na Síria continuarão até que seja finalizado o processo político para resolver a crise na nação e elogiou que os EUA estejam empenhados no processo.

"A Rússia apoia a iniciativa dos Estados Unidos para o fechamento de uma resolução nas Nações Unidas sobre a Síria", destacou o mandatário ressaltando que a decisão está incluindo a participação do atual governo de Damasco. Para Putin, seu país "jamais aceitará que alguém no exterior possa decidir quem deve governar" porque "isso quem deve decidir é o povo sírio".

O russo aproveitou para alfinetar os norte-americanos por mais uma vez ao dizer que "não entende" porque foi criada uma nova coalizão árabe para lutar contra os terroristas no Oriente Médio "se já existe uma". De acordo com Putin, isso pode mostrar que "talvez haja desacordo" na coalizão dos EUA.

Na terça-feira (15), a Arábia Saudita - aliada do governo de Barack Obama - anunciou que um grupo formado por 34 países realizaria ataques aéreos na região para combater o extremismo islâmico. Alguns dessas nações, no entanto, já faziam parte da outra coalizão liderada por Washington.

O russo gostaria que as nações tivessem um plano único para agir contra o Estado Islâmico (EI, ex-Isis) e as ações não fossem fragmentadas como ocorre atualmente.

Foto: EFE

Elogios a Blatter e a Trump

O mandatário russo aproveitou a coletiva com os jornalistas para voltar a elogiar o presidente suspenso da Fifa, Joseph Blatter. Repetindo a frase que pronunciou em julho deste ano, logo após os escândalos de corrupção que abalaram a entidade máxima do futebol, Putin disse que o suíço é um homem "respeitável" e que "merece um prêmio Nobel da Paz".

Criticando, mais uma vez, os Estados Unidos, o russo disse que os policiais norte-americanos não tem o direito de aplicar sua legislação às outras nações do mundo e precisam querer trabalhar "sem dominar" os outros.

Ainda no âmbito esportivo, o mandatário falou sobre o recente caso de doping do atletismo russo. "A Rússia deve estar e estará sempre aberta a um trabalho conjunto na luta contra o doping. É preciso pedir aos órgãos de todos os níveis que trabalhem abertamente com as estruturas internacionais e que não escondam nada. Somos contrários a qualquer tipo de doping sobretudo porque ele destroi as pessoas, é um veneno", ressaltou.

Além do elogio ao líder do futebol, Putin aproveitou ainda para enaltecer o polêmico pré-candidato à Presidência dos EUA, Donald Trump. Segundo o russo, o republicano é uma pessoa "esperta e talentosa, sem dúvidas" e sua intenção de querer melhorar as relações com a Rússia "faz com que nós queiramos dar as boas-vindas a ele".

Porém, o político destacou que seu país "estará pronto" para trabalhar com qualquer presidente "que os norte-americanos queiram eleger".

Fonte: Ansa
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