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Europa

Em 'afronta' ao papa, procissão homenageia mafioso

Ao menos dois policiais abandonaram a procissão e fizeram uma queixa oficial

10 jul 2014 - 21h30
(atualizado às 21h31)
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<p>Procissão desviou-se de seu curso natural até a casa de mafioso detido em prisão domiciliar</p>
Procissão desviou-se de seu curso natural até a casa de mafioso detido em prisão domiciliar
Foto: AP

O bispo de uma pequena diocese no sul da Itália suspendeu por tempo indeterminado todas as procissões religiosas locais, depois que uma delas foi "desviada" para prestar homenagem a um líder mafioso cumprindo prisão perpétua domiciliar.

Na procissão pela cidade de Oppido Mamertina, em 2 de julho, o grupo que seguia a estátua da Virgem Maria incluía o prefeito local, padres e policiais. Mas a massa popular desviou-se de seu curso e foi à casa de Giuseppe Mazzagatti, 82, condenado por assassinatos e por sua associação à Máfia.

Ao menos dois policiais abandonaram a procissão e fizeram uma queixa oficial, e o Ministério do Interior descreveu o episódio como "deplorável".

Procissões religiosas são comuns em pequenas cidades italianas durante o verão - às vezes com apoio financeiro de mafiosos. As homenagens a esses líderes também são comuns, algo que frequentemente é criticado por autoridades católicas.

Oppido Mamertina é um bastião da máfia calabresa, a 'Ndrangheta, uma das organizações criminosas mais poderosas da Itália, ao lado da Cosa Nostra e da Camorra. A polícia afirmou que está investigando possível conluio entre líderes da procissão e Mazzagatti, a partir de imagens da procissão.

Papa

Correspondentes da BBC dizem que a máfia historicamente se beneficiou de laços com a Igreja Católica, e padres faziam vista grossa a seus crimes. Mas o caso em Oppido Mamertina ocorre apenas duas semanas após o papa Francisco ter feito críticas públicas à máfia 'Ndrangheta, excomungando-a e chamando-a de "adoradora do mal" em uma missa no mês passado.

O episódio é visto, por isso, como um ato de afronta ao papa.

O bispo local Francesco Milito lamentou o fato de os padres presentes não terem tido a coragem de abandonar a procissão em questão (como fizeram os policiais) quando ficou claro que ela se dirigiria à casa de Mazzagatti.

Quanto à suspensão das procissões, Milito afirmou se tratar de "um gesto de cautela, um convite à reflexão e ao silêncio de que precisamos agora. É um ato de amor à nossa igreja".

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