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Mundo

Boca de urna: Hollande lidera e vai ao 2º turno com Sarkozy

22 abr 2012 - 13h03
(atualizado às 18h02)
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Lúcia Müzell
Direto de Paris

As pesquisas de boca de urna apontam que o candidato socialista às eleições presidenciais francesas, François Hollande, venceu hoje o atual presidente do país, Nicolas Sarkozy, a quem voltaria a enfrentar no segundo turno, por 28,4% a 25,5%, conforme o instituto Ipsos, e 29,3% a 26%, conforme o CSA.

Os dois vão se enfrentar em 6 de maio no pleito que vai definir o próximo governante da França, a 5ª maior economia do mundo e a 2ª da zona do euro. Reunidos no Palais de la Mutualité, em Paris, os apoiadores de Sarkozy se esforçam para reverter a tendência de fracasso no segundo turno, aos gritos de "Vamos ganhar". Eles aguardam um pronunciamento do presidente, que acompanha a apuração oficial no Palácio do Eliseu junto com um seleto grupo de colaboradores.

Já do lado dos socialistas, o clima de festa começou cedo na Rue de Solférino, a poucos passos da Assembleia Nacional francesa, na capital, e onde fica a sede do partido. Os militantes começaram a chegar por volta das 16h ao local, com camisetas, bandeiras e rosas nas mãos e exclamando "François presidente". Uma maioria de jovens se destaca na multidão, à espera do candidato que deve discursar às 21h (16h no Brasil).

O embate entre os dois oponentes era aguardado e confirma o "referendo" anunciado do governo Sarkozy: mais do que apoiar uma ou outra proposta, os franceses exprimiram, nas urnas, se aprovam ou não a permanência do atual presidente no Palácio do Eliseu. A alta rejeição de Sarkozy, que chega ao final do mandato com apenas 36% de popularidade, explica a escolha por outros candidatos. Também por esta razão, os representantes de correntes políticas, como a extrema direita e a extrema esquerda, registraram resultados importantes, acima dos 10%, demonstrando uma dispersão do eleitorado.

Se Sarkozy perder a segunda votação, será o primeiro presidente em 30 anos a não conseguir se reeleger - depois que o conservador Valérie Giscard-d¿Estaing perdeu para o socialista François Mitterand, em 1981. Já a vitória de Hollande significaria o retorno da esquerda à presidência, passados 17 anos fora do Palácio do Eliseu.

"Chegou a hora da mudança. Os franceses aturaram Sarkozy e o seu governo catastrófico. Agora, nas urnas, chegou a hora de puni-lo por ter envergonhado a nação. Estou muito orgulhoso do que nós, eleitores, estamos fazendo hoje", comemorou o vendedor Yannick Chauveau, 40 anos, eleitor de Hollande, diante do Partido Socialista.

Dado como favorito a vencer o segundo turno por todos os institutos de pesquisa, Hollande conta com uma reserva de votos superior a de Sarkozy: mais de 90% dos eleitores da Frente de Esquerda, de Jean-Luc Mélenchon, confirmam que votariam no socialista se ele chegasse à segunda etapa das eleições, e se juntariam aos ecologistas, comunistas e trotskistas. Enquanto isso, apenas cerca de 40% dos militares da Frente Nacional, de Marine Le Pen, pretendem escolher Sarkozy, apesar de o governante ter focado a campanha nos temas de preferência da extrema direita, a imigração e a segurança.

O cenário amplia a dificuldade do atual presidente para se reeleger. Desde o início da campanha eleitoral, atual presidente jamais conseguiu ultrapassar o oponente socialista nas pesquisas de intenções de voto, que apontam a vitória de Hollande com entre 55% e 57% dos votos, contra de 43% a 45% para Sarkozy.

Em 2007, ele havia ganho as eleições com o apoio maciço do eleitorado da extrema direita, formado por operários e desempregados. Mas desta vez, os militantes da FN - insatisfeitos com o mandato do conservador tanto no enfrentamento da crise quanto na luta contra a imigração - devem se dispersar no segundo turno. Estima-se que 21% deles chegarão a votar por Hollande e a grande maioria, 58%, deve se abster de ir às urnas em 6 de maio.

Resta saber como vão se portar os militantes do centro, que por enquanto têm se mostrado bastante divididos sobre a escolha no segundo turno -cortejado por Sarkozy durante a campanha, o candidato do partido Modem, François Bayrou, se recusou a dar qualquer sinal sobre quem apoiaria se não passasse para o segundo turno.

"Não sou de esquerda, mas Sarkozy não dá mais. Ele não conseguiu convencer ninguém de que vai parar de governar para os ricos, como fez durante esses cinco anos de mandato", afirma Camille Lesure, 36 anos, enfermeira em Paris, que votou hoje por Bayrou.

Seja qual for o candidato escolhido pelos franceses no segundo turno, a prioridade número 1 do próximo governo é clara: ajustar as contas públicas e fazer o país voltar a crescer, depois de registrar aumento de apenas 1,7% do PIB em 2011.

François Hollande, do Partido Socialista, tem vantagem nas pesquisas, seguido do atual presidente, Nicolas Sarkozy
François Hollande, do Partido Socialista, tem vantagem nas pesquisas, seguido do atual presidente, Nicolas Sarkozy
Foto: AP
Fonte: Especial para Terra
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