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Diretora do FMI depõe sobre pagamento a apoiador de Sarkozy

23 mai 2013 - 08h49
(atualizado em 24/5/2013 às 21h52)
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A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, foi interrogada nesta quinta-feira por um tribunal francês a respeito do seu envolvimento em um pagamento feito pelo governo francês no valor de 285 milhões de euros (366 milhões de dólares) a um apoiador do ex-presidente Nicolas Sarkozy.

Diretora do FMI é investigada por supostos desvios de recursos:

Lagarde pode ser colocada sob investigação formal na audiência por sua decisão de 2007, quando ministra das Finanças de Sarkozy, de usar um processo de arbitragem para resolver uma prolongada disputa judicial entre o Estado e o empresário Bernard Tapie.

A investigação, que pode ou não resultar em um julgamento, causaria desconforto para o Fundo Monetário Internacional, cujo ex-diretor Dominique Strauss-Kahn, também francês, renunciou em 2011 por causa de um escândalo sexual.

Lagarde chegou ao tribunal sorridente e cumprimentando os jornalistas, na companhia de um advogado. A expectativa era de que a audiência pudesse durar até a madrugada, e ao final o juiz anunciará se a coloca sob investigação ou se lhe concede o status de "testemunha supervisionada".

O caso remonta a 1993, quando Tapie, personagem pitoresco e controverso no universo empresarial e esportivo da França, processou o Estado solicitando indenização depois de vender sua participação na empresa Adidas ao então estatal banco Crédit Lyonnais.

Tapie, outrora um ministro socialista que depois passou a apoiar o conservador Sarkozy, disse que o banco o fraudou por ter posteriormente revendido as ações por uma quantia muito maior. O Crédit Lyonnais, hoje parte do Crédit Agricole, negou qualquer irregularidade.

Lagarde não é acusada de ter lucrado pessoalmente com o acordo, e nega ter cometido qualquer erro ao optar pelo processo de arbitragem que favorecei Tapie. Com juros, a quantia chegou a 403 milhões de euros.

Mas um tribunal especializado em casos que envolvem ministros quer saber se ela usou verbas públicas indevidamente, por ter ignorado a opinião de assessores que eram contra a arbitragem.

O advogado dela, Yves Repiquet, disse à imprensa francesa que Lagarde meramente aprovou o uso de um procedimento arbitral que havia sido decidido pela holding estatal Consortium de Realisation, criado para assumir dívidas e ônus do Crédit Lyonnais quando o banco enfrentou dificuldades, no começo da década de 1990.

Fontes próximas ao conselho do FMI dizem não estar preocupados com o caso e confiantes de que Lagarde não lucrou pessoalmente, mas acrescentaram que o conselho pode rever sua posição se os procedimentos judiciais a afastarem dos seus deveres.

Tapie disse na quinta-feira que está "satisfeito" com a investigação, e que a legalidade do acordo será comprovada.

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