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Europa

Detenção de vice-presidente Nigel Evans choca políticos britânicos

5 mai 2013 - 13h13
(atualizado às 13h28)
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A detenção - e posterior libertação após pagamento de uma fiança - do vice-presidente do parlamento britânico, Nigel Evans, por um suposto caso de estupro e agressão sexual a dois homens chocou a classe política do Reino Unido, que hoje saiu em defesa de seu colega.

O político conservador negou hoje categoricamente as acusações, que qualificou como "completamente falsas", e expressou sua "incredulidade" por causa de denúncias que procedem de duas pessoas "às quais até ontem considerava amigos".

Em pronunciamento à imprensa em Pendleton, Evans leu um breve comunicado no qual revelou que os denunciantes são duas pessoas que conhece e que uma das denúncias remonta "há quatro anos".

"Não entendo porquê foram apresentadas estas denúncias", afirmou Evans, que ontem foi interrogado pela polícia e posteriormente liberado até 19 de junho, quando voltará a prestar depoimento.

Evans, de 55 anos, foi detido no sábado sob suspeita de ter estuprado um homem e agredido sexualmente outro, ambos de cerca de 20 anos, entre julho de 2009 e março de 2013 na cidade de Pendleton, no condado de Lancashire.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também do Partido Conservador, foi informado sobre a detenção, que causou grande comoção entre a classe política.

Vários ministros conservadores assim como moradores da circunscrição de Ribble Valley, à qual Evans representa na Câmara dos Comuns, expressaram hoje seu assombro e comoção por sua detenção.

O ministro das Relações Exteriores, William Hague, disse ser amigo de Evans "há muito tempo" e ressaltou que o vice-presidente "é muito popular e respeitado na Câmara por deputados de todos os partidos".

Hague reconheceu, no entanto, que é difícil opinar sobre o caso enquanto prossegue a investigação policial.

O ministro da Defesa, o também conservador Philip Hammond, se mostrou "comovido" pelos fatos e reivindicou "a presunção de inocência", mas disse que o acusado pode ter que renunciar de seu cargo público.

Já o advogado de Evans, Adrian Yalland, declarou que este não pensa em renunciar nem como vice-presidente dos Comuns nem de sua cadeira de deputado.

O presidente do Partido Conservador do condado de Lancashire, Michael Ranson, afirmou que os moradores da região estão "absolutamente comovidos" com a notícia.

"É um deputado muito querido", que "ajudou muito seus constituintes ao longo dos anos", disse.

Evans, de origem galesa, é deputado por Ribble Valley em Lancashire desde 1992, e desde junho de 2010 era um dos três vice-presidentes da Câmara dos Comuns.

De 1999 a 2001, ele foi vice-presidente do Partido Conservador, e com a chegada de Iain Duncan Smith à liderança, foi ascendido a porta-voz da pasta para Gales.

Após sua nomeação como vice-presidente dos Comuns em 2010, confessou a um jornal que era homossexual e disse que estava "cansado de viver uma mentira".

Embora o posto de vice-presidente parlamentar não tenha muito perfil público, Evans, de personalidade sociável, é muito conhecido entre seus colegas.

Sua detenção ocorreu em um péssimo momento para o Partido Conservador, que acumula más notícias desde sua relativa derrota nas eleições municipais da quinta-feira passada em 35 municípios da Inglaterra e do País de Gales, nas quais foi superado pelo Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).

O avanço do UKIP, liderado por Nigel Farage, motivou vários apelos neste fim de semana da ala direita dos "tories" para antecipar a data do referendo sobre a permanência do país na União Europeia.

Os escândalos sexuais estão naordem do dia no Reino Unido, com a aparição de várias denúncias contra políticos e outros personagens públicos desde que foram revelados os crimes cometidos durante décadas pelo já falecido apresentador da "BBC" Jimmy Savile.

EFE   
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